Movimentos sociais e governo em Queimadas fazem mobilização lembrando quatro anos de estupro coletivo

SR190216aRepresentações da sociedade civil e órgãos da Prefeitura Municipal de Queimadas, através da Secretaria de Desenvolvimento Social (Semudes), realizaram no último dia 12, a Caminhada da Paz pelo fim da violência contra a mulher, evento que contou com ampla representatividade, especialmente de secretarias diversas da prefeitura local e marcou o aniversário de quatro anos do estupro coletivo naquela cidade que vitimou as jovens Michele Domingos da Silva, 29 anos e Isabela Pajuçara Frazão Monteiro, 27 anos que foram violentadas e brutalmente assassinadas.

O tema foi evidenciado no Esperança no Campo e Programa Domingo Rural do sábado(13) e domingo(14) entrevistando a coordenadora do Centro de Referência da Mulher Fátima Lopes, Isânia Petrúcia Monteiro Frazão, Tucha; Secretaria de Desenvolvimento Social do município, Terezinha de Jesus de Souza Dantas; assessor especial da Secretaria de Desenvolvimento Social, Sidney de Oliveira Silva; e a secretária do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Queimadas, Ana Paula Cândido que falam sobre o conjunto das ações que vêm sendo desenvolvido naquela municipalidade.

“Quatro anos de saudades, quatro anos de ausência, mas também quatro anos de luta. Isso mostra que nosso município não se calou diante das barbáries que vêm acontecendo desde de fevereiro de 2012, logo em seguida ao caso de Isabela e de Michele veio o assassinato de Ana Alice, veio o assassinato de Sandra, tem Rayane aí que é também um caso a ser desvendado e então isso mostra que o município e a sociedade queimadense não aceita esse tipo de violência que estamos sentindo, fazendo esse enfrentamento a violência contra a mulher e mostrando aos homens e mulheres que temos os direitos iguais”, explica a coordenadora do Centro de Referência da Mulher Fátima Lopes, Isânia Petrúcia Monteiro, Tucha, que é também irmã da vítima Isabela Pajuçara.

“A avaliação é positiva apesar de a gente perceber ainda um receio muito forte das pessoas em falar sobre a temática e de se engajar na luta, mas a gente, enquanto gestão pública, não pode deixar passar batido uma data como essa, a gente tem que estar juntos com os movimentos sociais como a gente tem feito junto a outras autoridades do município como a exemplo do Núcleo de Atendimento a Mulher da delegacia do município, então a gente tem construído uma rede em parceria muito boa e acredito que isso tem dado visibilidade e ajudado para esclarece as pessoas para que busquem os mecanismos de proteção que o município está dispondo”, relata a Secretaria de Desenvolvimento Social, Terezinha de Jesus de Souza Dantas que é também secretária do Partido dos Trabalhadores daquela cidade.

“A avaliação é positiva do ponto de vista da palavra porque a gente lembrar quatro anos da famosa barbárie de Queimadas não é motivo para omissão de nenhum bom cidadão queimadense, mas por outro nossa avaliação de que é positiva porque você ver a sociedade se mobilizando com o povo participando e isso é um avanço. Eu costumo dizer que em outros momentos a gente não via isso, a gente não percebia aquele sentimento de indignação nas pessoas em fazer uma luta no sentido de coibir e tirar essa mancha que Queimadas tem hoje de ser conhecida, principalmente, pelo lado ruim da coisa, pelo lado violência contra a mulher, pelo lado violência contra os direitos das minorias seja crianças e adolescentes, idosos e os fatos que a gente fala hoje de quatro anos da barbárie é não deixar cair no esquecimento, sempre trazer esse debate nas rodas de diálogo das associações, do sindicato, no poder público e acredito que a gente não pode ficar apenas na caminhada, eu acho que a caminhada tem que apontar para o fortalecimento das instituições, apontar para o fortalecimento das políticas públicas. Acho que cada vez mais criar instrumentos que empoderem as mulheres e aí a gente poderia elencar vários espaços como casas de abrigo, secretaria da mulher estruturada com políticas públicas voltadas pra isso, então a gente espera que esse sentimento, que esses momentos e essas caminhadas apontem nesse sentido, para seminários de formação que envolvam esses espaços carentes de formação e de informação”, propala o assessor especial de Desenvolvimento Social(Semudes) e presidente do Partido dos Trabalhadores local, Sidney de Oliveira Silva.

“Significa dizer que nós não estamos satisfeitas, em especial o município de Queimadas não está satisfeito com a violência contra as mulheres, acho que crimes como aqueles que aconteceram em 2012 com as várias mulheres aqui de Queimadas, com as várias Marias como qualificamos assim, que a gente se sente horrorizada e a gente quer dizer também que a gente não está satisfeita, que a gente não está esquecida e que esses crimes contra as mulheres a gente não possa botar uma pedra em cima, que a gente não possa ver como se não fosse um problema nosso, que fique claro que é um problema nosso, é um problema da sociedade, é um problema dos homens e mulheres que se unem e que querem ter uma sociedade diferente, que quer ter uma sociedade em que a gente possa caminhar e lutar pelos nossos desejos de dizer e ter o espaço de ir e de vir sem ter medo, sem temer a ninguém e nisso a gente está deixando claro de que a gente não está nas ruas de Queimadas nem em ruas de outras cidades não é querendo ser nem melhor e nem maior do que o ser masculino, a gente está lutando por um direito nosso que foi Deus que deu a gente para a gente poder lutar, poder estudar e conquistar espaços e em momento nenhum a gente usa isso pra querer derrubar ou querer diminuir a qualidade que os homens tenham” explica a secretária do Sindicato dos Trabalhadores Rurais e componente do Comitê Ana Alice Contra a Violência, Ana Paula Cândido.

Fonte: Stúdio Rural / Programa Domingo Rural

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