CMDRS de Queimadas decide por não receber sementes do governo e prefeitura vai em busca e distribui produto

Um acentuado clima de confusão nas relações institucionais do município de Queimadas é o que se registra naquela municipalidade com o anúncio da prefeitura em fazer a distribuição de sementes do Governo do Estado mesmo após o Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável ter anunciado deliberação de não receber as sementes obedecendo a decisão de uma reunião do conselho que aconteceu no dia 09 de maio.

A decisão de não aceitar as sementes foi publicada pelo conselho nos meios de comunicação locais e foi tema do Programa Universo Rural do dia 09 de maio e Programa Domingo Rural do dia 12 daquele mês(Clique e leia), em nossas emissoras parceiras a partir de entrevista concedida por representações de associações de agricultores componentes do conselho que explicaram os fatores importantes que foram decisivos para que a maioria dos participantes votasse contra a vinda das sementes com ênfase no período da entrega que, ao invés de acontecer nos primeiro dias de fevereiro, foi anunciada apenas no mês de maio, sendo interpretada pelas entidades como política e tecnologias não adaptadas a realidade semiárida daquele município dentre outros.

Fato surpreendente aconteceu na última quinta-feira, 13 de junho(dia de Santo Antônio), quando a prefeitura, através da Secretaria de Trabalho e Ação Social, anunciou e desenvolveu a entrega de 03 quilos de milho e um de feijão advindos do governo paraibano, deixando perplexos os componentes daquele Conselho que tem na organização a instância que delibera sobre as políticas relacionadas ao desenvolvimento rural integrado naquela municipalidade.

A entrega se iniciou na manhã da quinta-feira, 13 de junho, em um dos prédios da Secretaria de Trabalho e Ação Social do município e, segundo o gerente do Programa de Segurança Alimentar da Secretaria de Trabalho e Ação Social e um dos responsáveis pela mobilização, Sidney de Oliveira Silva, com a aquisição da semente, agricultores daquele município serão contemplados com a entrega de 03 quilos de milho, 01 quilo de feijão macacar e, em breve, as famílias poderão buscar uma pequena quantidade de capim sorgo que serão somados a outras ações que a prefeitura está desenvolvendo em benefício dos agricultores do município. Ele garantiu que a decisão se deu pelo fato de se ter tido o entendimento que a decisão do conselho deixava de fora o interesse de um segmento da agricultura local. “Olhe, nós respeitamos aqueles pessoas, agricultores e comunidades que tem autonomia em relação as sementes, mas nós temos também que respeitar aqueles têm a opção de pegar a semente porque entendemos que estamos atravessando um momento difícil, momento de seca que só se agrava, que a gente já vem de um momento desde o ano passado em relação a escassez de semente e que a gente não tem conseguido manter em algumas comunidades a filosofia dos bancos de sementes que é o ideal para a auto-sustentabilidade das comunidades”, explica acrescentando que baseado nesta realidade é que, mesmo a semente chegando já no final do semestre resolveu ir em busca da semente ainda para o plantio no inverno safra deste ano 2013.

Antônio João da Silva é presidente da Associação dos Agricultores do Sítio Catolé II, compareceu para pegar sementes destinadas ao plantio junto às famílias associadas e garante que são agricultores que estão sem sementes para o plantio e que encontram nas sementes ofertadas a alternativa de desenvolver a plantação mesmo fora da época tradicional do plantio. “Tem muita gente que já não lucrou no ano passado, esse ano a semente é pouca, não existe semente no mercado, principalmente de milho que nem pra você comprar não tem”, explica com ressalvas de que o programa de sementes do Governo da Paraíba precisa passar por uma reformulação para que possa cumprir metas junto à realidade da agricultura familiar e evidenciou que o período de entrega que poderia oferecer melhor condição de produção e ou menos riscos ao agricultor seria até os dois primeiros meses de cada ano. “Reformulação para que fosse entregue, eu não diria nem em março, antes do final de fevereiro a semente fosse entregue, entregue em fevereiro porque quando fosse em março o agricultor pequeno que está lá na ponta mesmo, quando chove ele gosta de plantar nem que seja um litro de feijão nas primeiras chuvas, então ele tem que ter a semente naquela época, vou dar um exemplo pra você: tem um amigo meu que trabalha no sítio Riacho do Meio que já tem feijão florando porque ele tem semente de feijão em casa”, explica dizendo que o milho plantado pelo colega agricultor foi muito atacado pela lagarta e acredita que esses agricultores possuidores da semente no tempo certo farão colheita nesta safra, inclusive a partir das poucas e salteadas chuvas que se registram neste mês de junho em diversas partes daquele município.

Gutemberg Germano Barbosa é presidente da Associação dos Agricultores do sítio Riacho do Meio, compareceu para pegar a semente para agricultores de sua associação e, ao conversar com Stúdio Rural, disse ser positiva a entrega da semente e diz reconhecer ser um esforço da administração do prefeito Jacó Maciel no sentido de resgatar as sementes não aceitas pelo Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável. Ele garante que o pequeno agricultor precisa dessa semente para cultivar a terra na tentativa de fazer produção, mesmo nesta época do ano, e disse da importância de que o governo paraibano faça uma reformulação no programa de sementes que possa atender a agricultura na lógica de convivência com o semiárido paraibano. “Que as sementes possam chegar em tempo, em períodos mais cedo, embora nosso inverno ele é tardio”, explica.

José de Arimatéia Leal de Albuquerque apresentou-se como assessor de gabinete da Secretaria de Agricultura de Queimadas, disse que em razão de viver na zona rural e ser sabedor da realidade e carências econômicas do agricultor ‘tomou partido e comprou a briga’ como forma de fazer as sementes entrarem no município de Queimadas. “A avaliação que tenho é a de que querer focar e ajudar o agricultor, o homem do campo, o homem sofrido que sempre está na batalha e é a pessoa que bota o alimento na mesa, não só na mesa dele, mas na mesa do que mora na zona urbana, ou seja, quem abastece a mesa do brasileiro, então a importância é sempre focar em ajudar o homem do campo, ajudar o agricultor”, explica dizendo que a batalha representou verdadeira briga para fazer frente a decisão tomada pelo Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável. “A gente teve a reunião no sindicato junto ao conselho, lá ficou decidido que não viesse essas sementes, segundo fiquei sabendo hoje que há dois isso vem acontecendo, então eu comprei essa briga em face de viver na zona rural, sabendo das dificuldades do homem do campo, sabendo das dificuldades do agricultor é que tomei partido nisso, comprei a briga e fui atrás, fui á João Pessoa, conversei com o secretário e o resultado está aí, as sementes que as pessoas estão recebendo mesmo atrasado, mas o importante é isso, é antes tarde do que nunca”, explica ao se referir a atitude que fez frente a decisão do conselho e garantiu que o propósito e a luta será continuada. “Quero só frisar o seguinte: que a luta continua, enquanto José de Arimatéia for vivo, tiver saúde e puder andar e correr atrás, estarei nesta luta porque o principal é o homem do campo e agricultor”.

Fonte: Stúdio Rural / Programa Domingo Rural

 

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