Discutir o processo de resistência e resiliência da comunidade rural Quilombo Pedra D’ água, no município do Ingá, Agreste paraibano, foi objetivo e meta alcançados por estudantes e professores de escolas do município de Mogeiro e Ingá, no último dia 20 de novembro, Dia da Consciência Negra.

Quilombo rico em sua história por ter a figura de um ancestral comum o Sr. Manuel Paulo Grande, primeiro morador a se estabelecer na região após ter fugido devido a sua participação no movimento Quebra Quilos – revolta ocorrida no Nordeste brasileiro, entre fins de 1874 e meados de 1875, contra a implantação de um novo sistema métrico.  “O 20 de novembro não é necessariamente um feriado, mas é um dia que a gente tem que trazer o aluno pra onde tem os quilombos, pra onde tem as comunidades negras, no caso de zonas urbanas levar para as favelas, pra poder a gente resgatar esse dia como um dia histórico numa sociedade em que historicamente, registrado inclusive pelo IBGE, é a segunda sociedade com maior número de negros desse planeta, nós não podemos deixar o dia de Zumbi dos Palmares sem ser registrado a partir da resistência, então vir de Campina Grande, trazer pra cá os professores da Universidade Federal, professor Luciano Mendonça; trazer a professora Cristiane Nepomuceno da UEPB; trazer pra cá os estudantes do município de Ingá e município de Mogeiro é uma forma de a gente dizer que a escola precisa está a cada momento direcionada para os assuntos em voga, para os assuntos do dia a dia”, explica o professor da Rede Estadual de Educação, em Campina Grande, e Rede Municipal, em Mogeiro, João Tavares da Silva Neto, ao dialogar com Stúdio Rural.

Professor da UFCG, Luciano Mendonça explicou que o evento não poderia ser melhor dentro da data em discussão e na comunidade quilombola com uma rica história de sua implantação naquele rincão e garante que falar num espaço envolvendo estudantes, educadores e moradores trabalhadores da comunidade é tudo de melhor construtivo. “Acho que foi muito proveitoso porque tivemos interação de geração mais antiga com a juventude fazendo a gente conhecer um pouco da história, recuperando o passado pra entender melhor o presente e organizar melhor as lutas do futuro, eles estão aqui enquanto comunidade já desde o século XIX, mas vem numa luta penais com alguns melhoramentos que já ocorreram, por exemplo a gente já observa que já não tem mais casas de taipa, a luz chegou, a escola, mas precisa avançar muito como por exemplo até hoje essa comunidade, mais que secular, não tem um título de posse da terra”, argumenta aquele educador ao dialogar com nosso público Stúdio Rural logo após proferir palestra na comunidade em que construiu pesquisa com livro lançado.

Professora da UFCG, Cristiane Nepomuceno proferiu palestra dialogando com o público presente, trazendo demonstrativo dos apanhados históricos dos processos geradores da desigualdade social, mas ao mesmo tempo lutas resistentes que apresentam resultados positivos na vida do povo negro no estado da Paraíba e no território nacional. “Importante espaço porque nós precisamos tornar a universidade ampla, e tonar a universidade ampla é fazer com que ela consiga dialogar com todas as instâncias da sociedade, inclusive com lugares que tradicionalmente nós, durante muito tempo, ficamos ausentes, distantes tanto das comunidades remanescentes quilombolas, as comunidades tradicionais de modo geral tipo indígenas, porque quando a gente chega a gente aprende, inclusive parte do que nós produzimos de conhecimento bebe-se dessa fonte, então nós precisamos tornar essa prática de trazer a universidade, as comunidades, e fazer essa confluência de saberes tradicionais na presença dos moradores mais antigos da comunidade, com a juventude pra que a gente consiga reconfigurar, revisar, refazer a história do Brasil, e a gente só vai conseguir fazer isso com essa abertura, com essa dialogicidade”, explica aquela educadora ao dialogar com Stúdio Rural.

Fonte: Stúdio Rural / Programa Domingo Rural