Rede de Educação defende nova forma curricular para o semi-árido brasileiro

Trabalhar nova forma de educação para a região semi-árida brasileira que leve em consideração a valorização de coisas, objetos, pessoas e culturas como produto essencial na construção educativa é tema em discussão trabalhada pela educadora e representante da RESAB, Rede de Educação do Semi-árido Brasileiro, Adelaide Pereira da Silva(foto), que ao ser entrevistada por Stúdio Rural, disse ser necessário e urgente ampliar as ações que vem sendo trabalhadas pelas entidades da sociedade civil, universidades e setores em geral na busca da aproximação do conhecimento popular com o conhecimento acadêmico, construindo um novo modelo numa perspectiva da contextualização que desfaça toda uma concepção urbanocêntrica e que desfaça a visão negativa camponesa construída ao longo da civilização brasileira que omite certas belezas e que não problematiza as especificidades existentes no meio rural.

A educadora diz que nos discursos e imagens que são veiculados historicamente, o campo é tem sido tratado como um lugar dos mais desprezados, dos mais atrasados, dos mais incultos e que trata-se de uma visão distorcida já que o campo tem papel decisivo para a qualidade de vida da cidade. Essa é a visão burguesa, o campo está lá e a cidade está aqui e nós vamos ao campo sempre que o capital precisa se expandir e acumular riquezas nas mãos de alguns, é um desavanço ao logo da construção desse olhar para o campo, temos agora o repensar dessa realidade campo, cidade, campo numa perspectiva de espaços que se interdependem um colaborando com o outro como é de fato”, revela a educadora.

Adelaide disse ser necessário associar mais os setores urbanos ao mundo rural já que o universo urbano tem sempre uma ligação dependente com o meio rural seja pela produção dos alimentos, seja pelo fato da origem do morador urbano sempre relacionada e ou mesmo pelas belezas existentes que são sempre exploradas e garante que o campo vem em constante progresso na visão de seus valores e representa espaço de muita luta por liberdade e cidadania. “Então o campo é um lugar de disputa de políticas, é um lugar de conflito, é um espaço em movimento, espaço do ponto de vista geográfico, do ponto de vista social, do ponto de vista político, um lugar de construção de cidadania”, explica.

Ela lembrou que o beco, o gueto, a favela representam o deslocamento desordenado das famílias camponesas que quando chegam á cidade sobra sempre o periférico como espaço de sobrevivência e lembra que esse ex-camponês tem muito o que aprender com o campo com suas lutas e seus conflitos. “Isso é verdade: realmente quem veio para a periferia não entrou na cidade e os que nasceram lá nem são camponeses mais de fato e a rigor, e não são cidadinos no sentido de quem desfrute das benesses da cidade. Agora, como é que isso aconteceu? A ganância do capital expulsou a população camponesa do campo e ocupou o campo, invadiu o campo para o agronegócio com a ganância da acumulação. Agora o retorno ao campo ele precisa sim de um repensar, de uma reeducação de toda essa população”, argumenta Pereira, reforçando que é necessário que o núcleo da cidade possa repensar o campo como um espaço que segura a cidade, que quem sustenta não é o agronegócio, a grande produção, sendo a agricultura familiar responsável por cerca de 70% dos alimentos que chegam a mesa dos consumidores.

Ao contatar com Stúdio Rural, Pereira falou sobre o papel da RESAB em trabalhar fortalecendo as discussões em torno das políticas de educação camponesa relacionado ao mundo urbano, sendo espaço de articulação política regional da sociedade organizada, congregando educadores e educadoras e instituições Governamentais e Não-Governamentais, que atuam na área de Educação no Semi-Árido Brasileiro.

Fonte: Stúdio Rural / Programa Domingo Rural

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