
Agroecologia e a vida das mulheres é tema em evidência na comunicação de Stúdio Rural
A agroecologia e a vida das mulheres no campesinato do semiárido paraibano foi tema evidenciado no Programa Domingo Rural e Programa Esperança no Campo durante semanas seguidas deste mês de março, tendo como referência a IX Marcha Pela Vida das Mulheres e Pala Agroecologia que aconteceu no último dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, na cidade de São Sebastião de Lagoa de Roça, Agreste paraibano.
Entrevistados por Stúdio Rural, a componente do Polo Sindical da Borborema e do Sindicato camponês de Remígio, Roselita Vitor de Albuquerque; componente do Sindicato camponês de Queimadas, da Associação dos Agricultores e Agricultoras da comunidade Bodopitá e coordenadora do Coletivo Ana Alice de Combate a Violência Contra a Mulher, Angineide Pereira de Macedo; e o pesquisador da Embrapa, componente do Núcleo de Pesquisas Agroecológicas, agrônomo Marenilson Batista da Silva falam sobre as ações desenvolvidas no meio rural colocando a mulher como detentora de importantes papeis para o processo de sustentabilidade no campesinato do semiárido paraibano e brasileiro.
“A nona Marcha representou mais um sucesso, a gente vê a marcha com ampla participação das pessoas com ânimo de participar num esforço que cada uma faz em estar aqui, com tantos homens já participando também diminuindo o machismo, infelizmente a gente sabe que a situação de machismo está muito forte ainda porque cada dia que passa a gente vê a violência, vê as mulheres sofrendo e a gente sabe que ainda tem muita luta a se fazer”, explica Angineide relatando que, somado a violência no lar, contabiliza-se importantes perdas retiradas pelo Governo Temer que depõe contra a segurança da mulher e da família no meio rural e urbano local e nacional. “Estamos construindo as lutas, estamos sempre procurando meios de reagir porque a gente sabe que o retrocesso foi muito grande, não sabemos onde vai parar porque a gente percebe que cada dia que passa a gente vai perdendo mais, mas estamos unidas e estamos ficando fortes nesta conjuntura bem complicada que estamos vivendo”, relata Angineide ao dialogar com nosso público ouvinte.
“Acho que foi uma marcha extremamente atualizada dentro do que a gente está vivenciando, fizemos trazer aqui sobre as diferenças, inclusive diferenças sexuais, a gente entende que do jeito que as mulheres sofrem o feminicídio, as comunidades LGBT, gays e lésbicas, também sofrem. A cada dois minutos no Brasil um gay é espancado, mas também tem uma relação de preconceito que é aceitar que aquela pessoa é diferente, então a gente quis trazer porque a gente sabe que na zona rural existe um preconceito, existe um sofrimento, inclusive das mães na proteção de seus filhos porque elas os ama incondicionalmente, porém elas sofrem porque a sociedade os marginaliza, então nós optamos por trazer esse tema na diversidade da marcha, além de trazer um debate das condições tão injustas do trabalho doméstico que no nosso entender é uma carga muito grande pra vida das mulheres, então acho que essa marcha foi ampla quando trouxe o debate da conjuntura, então foram três grandes temas em que abrimos aqui essas grandes questões para a sociedade”, explica Vitor Albuquerque ao dialogar com o público ouvinte Programa Domingo Rural e Programa Esperança no Campo.
“Aqui é espaço de lutas, espaço de construção de políticas públicas, espaço de escutar as pessoas, mas também é espaço de celebrar as lutas conquistadas. Neste momento em que estamos vivendo é importante demais que as pessoas se posicionem e mostrem a sua indignação e queira discordar porque entendemos ser fundamental que as pessoas se posicionem, e essa marcha das mulheres representa um pouco disso, representa a celebração de um ano de luta acontecido e estamos aqui na luta no encontro com outras pessoas que estão na luta, jovens que estão começando na luta, pessoas de mais estrada que continuam nesta luta e eu achei isso que é acreditar sempre e estar sempre disponível pra poder contribuir e ajudar na junto a essas pessoas”, explica Marenilson Batista acrescentando que não dar pra discutir melhorias num mundo agroecológico sem colocar em discussão a qualidade de vida da mulher. “Cada dia mais está bem claro a importância de você unir campo e cidade numa luta só, numa luta que passa pela ocupação dos espaços públicos que são fundamentais para a agricultura com a luta que garante alimento de qualidade com mais saúde para as pessoas para que elas não adoeçam, e o campo e a cidade tem relação muito especial e a mulher tem tido esse papel fundamental que é o papel de luta e de gostar da vida porque as mulheres adoram a vida e lutam e brigam pela vida e esse momento é fundamental para discutir essa integração campo e cidade e é por isso que tem que ter luta”.
Organizada pelas entidades do Polo Sindical e das Entidades da Agricultura Familiar da Borborema, a marcha tem contabilizado sempre maior número de participantes a medida que foi acontecendo itinerantemente de cidade em cidade desde a primeira na cidade de Remígio em 2010, Queimadas no ano de 2011, Esperança (2012), Solânea (2013), Massaranduba (2014), Lagoa Seca (2015), Areial(2016), 2017 na cidade de Alagoa Nova e agora em 2018 no município de São Sebastião de Lagoa de Roça.
Fonte: Stúdio Rural / Programa Domingo Rural
Deixe seu comentário