Após captura de maníaco, Comitê Ana Alice inicia atividades e busca explicações do estado sobre fuga de presídio

Após trajetória de exatos dez dias de discussões e buscas para retirar de circulação o acusado confesso de estuprar quatro mulheres nos municípios de Queimadas, Caturité e Boqueirão o Comitê Ana Alice de Combate a Violência Contra a Mulher voltou a se reunir, desta vez em Campina Grande, na última segunda-feira(14/04) para fazer um balanço das ações políticas e técnicas no momento em que voltou a colaborar com as polícias civil, militar e penitenciária, através de seus componentes que vão de lideranças sociais camponesas, advogados e jornalistas.

Como dinâmica já adotada nas práticas cotidianas das entidades do Polo Sindical e das Entidades da Agricultura Familiar da Borborema com práticas, experimentações de agricultores e pesquisas participativas, o Comitê Ana Alice vem adotando a dinâmica de participação popular nas problemáticas de violência contra as mulheres camponesas e, diante do comunicado da fuga de Leônio Barbosa de Arruda, matador de Ana Alice, componentes do comitê passaram a construir diálogos entre comunidades dos três municípios como forma de checar informações claras dentro de uma relação de confiança entre entidade e comunidade e ao mesmo tempo com as polícias no sentido de elucidar o problema, fortalecer as entidades componentes daquele comitê e, desta forma, oferecer a sensação inicial de segurança às famílias camponesas de toda a região.

Diversos contatos foram realizados com familiares residentes nos três municípios, a exemplo do diálogo construído com o irmão de Leônio, vaqueiro Daniel Barbosa de Arruda, morador de comunidade rural de Caturité e vaqueiro em uma fazenda daquele município. No diálogo ele informou que o irmão havia dormido num estábulo daquela propriedade rural e que ofereceu a ajuda possível para saciar a fome do irmão foragido ao tempo em que o aconselhou para que o mesmo se entregasse. “Leônio dormiu aqui. Fui pra casa e quando cheguei na madrugada pra fazer a ração do gado ele apareceu e me pediu ajuda. Dei duas bolachas(sordas) que eu tinha pra meu café, ele comeu e entrou na mata. Eu disse que ele devia se entregar e ele disse que preferia morrer do que se entregar já que estava correndo risco de vida no presídio e com a fuga o risco só aumentava. Com isso foi embora”, explica Daniel em clima de comoção por se tratar do único irmão de uma família de seis filhos e filhas.

Durante a sexta-feira e sábado o diálogo continuou por entre componentes das famílias rurais naqueles municípios, familiares do fugitivo e com as polícias e, nas primeiras horas do domingo, a família comunicou a intenção do fugitivo em se entregar, sendo logo orientada a fazer os primeiros contatos com a Polícia Penitenciária de Campina Grande que tomou as medidas necessárias.

Em entrevista concedida ao Stúdio Rural, após reunião com o Comitê Ana Alice, o Secretário de Segurança e Defesa Social, Cláudio Lima, garantiu que a polícia já estava trabalhando de forma conjunta desde o momento da fuga com ações concentradas na pessoa do superintendente Marcos Paulo Vilela, na regional Campina Grande, e disse reconhecer o papel da sociedade civil organizada esperando contar com o apoio da sociedade civil. “A secretaria tem que se empenhar para tentar recapturar o criminoso que conseguiu fugir e isso é uma prioridade nossa nesses próximos dias, agora eu não tenho detalhes de como ele fugiu ou como foi o procedimento dentro do sistema penitenciário, mas eu acredito que o doutor Wallber Virgolino que é o secretário chefe da pasta(Administração Penitenciária) tem informações e pode prestar a sociedade e pelo que tenho de conhecimento ele já determinou procedimento e, sem dúvidas, será esclarecido”, explica aquele secretário ao dialogar com nossa equipe e falar aos ouvintes do Programa Domingo Rural da Rádio Serrana de Araruna, Rádio Bonsucesso de Pombal e Rádio Queimadas FM.

A secretária da Mulher e da Diversidade Humana, Gilberta Soares, que exerceu papel importante na construção do diálogo entre o Comitê com as secretarias e órgãos do Governo do Estado, dialogou com Stúdio Rural e disse avaliar ser fato relevante em razão da seriedade do caso em que um criminoso que praticou crimes que afetaram famílias diversas estivessem de volta para o meio social colocando pânico nas comunidades e colocando em risco a vida de famílias e pessoas que tiveram papel na identificação e prisão do criminoso no ano de 2012, época dos diversos crimes praticados pelo criminoso. “Agora ele está solto e isso nos deixou indignadas e atentas com responsabilidade do estado de recapturar o preso pra fazer a justiça, então diante disso, já que não é da nossa competência executar as ações de prisão e de apuração dos fatos, nosso papel é de articular, trazer as demandas do movimento social, principalmente no caso em questão que tem um movimento social articulado onde existe o Comitê Ana Alice que faz o monitoramento de todos esses casos lá na região, então nosso papel é vir com a comunidade e facilitar o diálogo entre os setores competentes do governo e a sociedade civil”, explica Gilberta ao dialogar com nosso público ouvinte espalhado pelo semiárido nordestino.

Já o secretário da Administração Penitenciária do Governo do Estado, Walber Virgolino da Silva Ferreira, ao dialogar com Stúdio Rural, disse da reunião com o Comitê e fez um balanço da realidade evitando apontar qualquer responsabilidade diante da fuga do então foragido, mas garantiu a população que as medidas de recaptura estava em curso e uma comissão de apuração dos motivos da fuga também estava constituída e que os possíveis responsáveis serão penalizados. “Em princípio, primeiramente o chefe penitenciário deve desculpas a população de Queimadas por esse ato, aqui eu não vou antecipar julgamento, não vou dizer quem foi que errou, mas o estado falhou, se o estado falhou ele tem que reparar, então vamos voltar todos os esforços da Administração Penitenciária juntamente com Segurança Pública pra recapturar esse indivíduo e coloca-lo no lugar que ele jamais deve sair que é a cadeia, então vou despender todos os esforços possíveis, já temos duas equipes de apoio em campo, nossa inteligência também na construção das informações para identificar, localizar esse individuo e tirá-lo de circulação mais uma vez”, explica aquele secretário ao dialogar com nosso público ouvinte na manhã do último domingo, dia 13 de abril, explicando o porque do Leônio ter sido colocado no trabalho da cozinha do presídio em Campina Grande e garantiu que essa é uma dinâmica utilizada em razão da natureza do crime praticado versos a acolhida pelos presos nos diversos presídios de todo o Brasil e do mundo. “Em princípio, todos essas pessoas que cometem crimes sexuais, crimes contra os costumes como o caso dele(estupro), ele não tem convívio no interior do presídio, ou seja, ele não tem convívio nas celas, se você colocar um indivíduo desse dentro da cela, fatalmente ele será morto, e para o estado não é interessante homicídio, não é interessante mortes, então esses indivíduos em qualquer presídio da Paraíba, em qualquer presídio do mundo, esses indivíduos têm uma cela específica, ou isolado e ou geralmente essas pessoas são destinadas a fazer o trabalho externo, porque quem comete crime sexual, quem comete crime contra os costumes ele geralmente é uma pessoa ordeira dentro da unidade prisional, apesar de ele ter comportamento estranho com comportamento estranho fora do presídio, mas dentre do presídio geralmente ele tende a determinações internas, então ele vai pra cozinha, ele vai promover os trabalhos internos e neste caso específico foi isso. Eu não posso dizer se tinha regalia, mas vamos apurar, é dever meu, é obrigação do estado apurar e vamos apurar de forma imparcial, de forma coercitiva e de forma rigorosa”, garante aquele componente governamental.

Fonte: Stúdio Rural / Programa Domingo Rural
Foto  : GPOE

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