Barra de Santana promove encontro de produtores e moradores que revela abandono e falta de segurança

Um verdadeiro abandono das políticas públicas de estado é essa a constatação a que chega a população do município de Barra de Santana ao apresentar e discutir, em assembleia extraordinária, a realidade vivida pela população de todo aquele município.

Na manhã da última sexta-feira(22/05) o Sindicato dos Trabalhadores Rurais daquele município realizou uma assembleia extraordinária que contou com a participação da delegada da Polícia Civil, Ivanize Fonseca, representando a seccional Queimadas e que responde por aquele município dentre outros; presença da capitã comandante da 3ª CIPM, Companhia Isolada da Polícia Militar, Luciana Cirne; representações das igrejas cristãs locais; representações do Banco do Brasil, Correios, Conselho Tutelar, Câmara Municipal, Secretaria de Agricultura do município, Assembleia Legislativa através do deputado estadual Frei Anastácio(PT-PB) dentre outras representações.

Durante o encontro, a população fez uma verdadeira mostra dos saques, assaltos e roubos com residências invadidas seguidas de práticas de severas violências o que assustou a própria plateia que não tinha ciência da tamanha realidade enfrentada naquela municipalidade. “Isso aqui está demais, aqui se não tiver as providências de Deus ninguém vai poder trafegar nem aqui na cidade nem em canto nenhum”, disse o pecuarista agricultor, Petrônio Cordeiro de Melo, afirmando que são muitas as famílias rurais que vêm perdendo patrimônio com suas casas invadidas e a famílias violentadas. “Eu vou lhe dizer um negócio, eu sou um homem trabalhador, você sabe porque você me conhece e sabe que sou trabalhador, mas já estou desgostando de trabalhar porque o cara trabalhar como eu trabalho e ver como eu vi lá em casa de minha filha que está em minha casa em estado de choque sem comer e sem beber diante da violência que sofreram, a maior desordem do mundo, não sei o que fazer, estou doidinho da cabeça”, explica aquele pecuarista ao dialogar com nosso público ouvinte Domingo Rural dizendo que espera que essa realidade chegue mesmo na Assembleia Legislativa e possa ser irradiado para o resto da Paraíba.

Durante a reunião e em sua participação em nossos programas radiofônicos, a responsável por um conjunto de cidades, delegada Ivanize Fonseca, falou das limitações enfrentadas em razão da falta pessoal e de estrutura, esclareceu que o município não tem delegacia funcional já que apenas um comissário comparece uma vez por semana e garante que, a curto prazo, a esperança está na maior organização e participação da população junto as forças policiais. “É sempre bom quando as entidades e, principalmente, a sociedade toma essa responsabilidade da segurança também, porque a segurança é um dever do estado, mas é responsabilidade de todos e nós quando temos esse tipo de encontro e divulga principalmente o canal do 197 em que a pessoa pode denunciar sem se identificar, isso deixa a comunidade mais segura pra poder ajudar nas investigações. A gente está passando por um momento crítico na região, mas estamos em diligência e, se Deus quiser, nós vamos solucionar os casos”, explica aquela autoridade dizendo acreditar que a ida de uma comissão ao secretário de Segurança Pública, conforme discutido no encontro, terá efeito na eficiência das estruturas. “É muito importante, o contingente da região está bem defasado, mas espero aí que nossos representantes políticos da região consigam trazer pra região esse contingente necessário para que tenhamos condições de darmos respostas a contento”, relata Ivanize durante entrevista via Stúdio Rural.

Durante participação no encontro e em entrevista a Stúdio Rural, a comandante da 3ª CIPM, Companhia Isolada da Polícia Militar(Boqueirão-PB), Luciana Cirne, disse que essa é a realidade enfrentada também pela Polícia Militar, dizendo lamentar já que a deficiência no quadro de pessoal faz com que a população fique a descoberta da proteção do estado no tocante a segurança e disse ter como espaço positivo a assembleia acontecida, promovida pelo sindicato e que acredita que a participação social poderá fazer a diferença no fortalecimento de ações e trabalhos investigatórios em curso na rede de municípios daquela região. “O quadro de Barra de Santana vem sendo trabalhado dia a dia entre mim e a delegada Renata Dias, todas as ocorrências aqui estão com inquérito em andamento, investigações demandam tempo, nós já temos várias pessoas responsabilizadas por esses assaltos com mandado de prisão em aberto, ou seja, resta cumprir esses mandados, já fizemos buscas em regiões difíceis, são sítios em que eles trocam constantemente de casa e nós pedimos a população que através do 197 registrem as denúncias e informações precisas de localidades, de veículos, de cor, de placas e de como chegar a essas localidades”, explica aquela autoridade policial.

Ao dialogar com nosso público ouvinte, o deputado estadual do Partido dos Trabalhadores(PT-PB) Frei Anastácio disse da satisfação em atender ao convite da sociedade civil organizada de Barra de Santana e garante ser um tema própria a sua função de presidente da Comissão de Direitos Humanos poder discutir a eficiência, ou não, do estado na promoção das políticas públicas que possam oferecer tranquilidade à população e se disse surpreso com a realidade enfrentada pela população urbana e rural daquele município e região. “Primeiro quero agradecer ao Paulo, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Barra de Santana, agradecer aos trabalhadores e trabalhadoras que vieram aqui e também ás autoridades que aqui vieram a exemplo das igrejas evangélicas, igreja católica, Conselho Tutelar, vereadores e também o Comando na região da Polícia Militar e a delegada responsável aqui no município de Barra de Santana. Os trabalhadores e trabalhadoras colocaram a problemática de violência nesse município, foi ampliado pelas forças de segurança da região e não é só aqui, são mais de dez municípios nessa mesma realidade, e então o que eu achei positivo foi que pôde fazer um diálogo trabalhado com as autoridades policiais da região e dialogar com a população, vejo que não dá para dizer que está resolvido o problema que não está, estão foi tirado uma comissão bem representativa de todas essas forças do município para junto ao secretário de Segurança colocar a problemática como também junto ao governador do estado, junto ao Ministério Público porque tem também a questão da justiça que também tem papel aqui, principalmente do Ministério Público no tocante a determinadas prisões que depois caducam, e porque houve denúncias desse tipo, porque o promotor sai de férias e aí a justiça manda soltar porque não tem nenhuma acusação contra essas pessoas” explica Anastácio ao dialogar com Stúdio Rural.

Paulo Medeiros Barreto é presidente daquele sindicato, promovente do encontro, faz um balanço da realidade junto ao público presente, estimula a discussão construindo todo o processo das contradições na busca das respostas sobre os caminhos a serem seguidos e ao dialogar com Stúdio Rural fala para o mundo sobre o que motivou a entidade trilhar na construção dessa temática, sobre o respaldo do público camponês e urbano na reunião e sobre os encaminhamentos e as buscas de soluções que serão empreendidos a partir daquele encontro da sexta-feira(22). “Aqui estamos com a certeza e a sensação do dever cumprido, porque convocamos a população, os trabalhadores rurais, comerciantes e as entidades, enfim todos os que aqui no município vieram representando e o auditório ficou cheio, veio a capitã, a delegada da Polícia Civil, o presidente da Comissão dos Direitos Humanos Frei Anastácio e acho que o encontro atingiu a meta”, explica Paulo em contato com o público do Stúdio Rural através de suas emissoras parceiras e disse que o diálogo frente a frente revelou que Barra de Santana está completamente abandonada. “É porque nós aqui estamos sem uma cobertura nenhuma, nem de Polícia Civil, Polícia Militar que só vem isoladamente pegar um depoimento, mas não temos aqui um policiamento buscando informação, participando da vida da comunidade, então não sabia da realidade no que está acontecendo, quando a população começou a dizer, todos ficaram chocados com o nível de violência e agressões que está acontecendo no município e esse foi o objetivo nosso: trazer a população para que dissesse o que estava sentindo para os representantes que aqui vieram para eles escutar”.

Diante da informação da delegada de que Barra não tem delegacia e da Capitã de que o município não tem policiais, Medeiros construiu seu conceito dizendo que a população estará firme na busca de um processo estruturante e efetiva participação da sociedade do campo e da cidade. “E escrivão só vem aqui uma vez por semana, tem mais essa, então o trabalhador está sendo assaltado, ele teria que ficar vindo aqui a semana todinha pra saber se vai ter delegado e ele não tem tempo pra isso, então faz com que fique alheio da justiça essas informações. É gritante o que está acontecendo aqui em Barra de Santana sem policiamento, sem uma delegacia adequada com gente habilitada para atender a população e sei que fica difícil a situação no nosso município quando a gente vê a capitã dizer que não tem homens suficiente no Batalhão dela para atender Barra de Santana e que vai ficar sem esse policiamento de forma frequente, então foi tirado uma comissão aqui para ir buscar a nível de estado as soluções para nossos problemas”, relata durante parte de seu diálogo com nosso público ouvinte, reafirmando que nas últimas semanas o município vem enfrentando uma nova modalidade de roubos, assaltos e saques denominada de arrastão que consiste em marginais se utilizando de moto saírem assaltando e saqueando todas as pessoas que estejam em ruas e ou estradas do setor urbano ou rural do município.

Fonte: Stúdio Rural / Programa Domingo Rural

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