Coonap prossegue capacitação sobre meliponicultura para agricultores experimentadores

Como parte de um trabalho voltado ao desenvolvimento da diversidade produtiva na agricultura familiar, a Coonap, Cooperativa de Trabalho Múltiplo de Apoio às Organizações de Autopromoção promoveu mais um encontro de capacitação voltado a agricultoras e agricultores experimentadores que têm a criação de abelha como um dos produtos parte integrados na agricultura com transição a agroecologia.

O evento aconteceu no último dia 13, no Assentamento Cachoeira Grande, município de Aroeira, Agreste paraibano, e contou com participação de agricultores e agricultoras de assentamentos rurais do Incra-PB do município de Barra de São Miguel, Riacho de Santo Antônio, Campina Grande, Aroeiras, Areia dentre outros e teve como meta continuar o conjunto das ações já desenvolvidas no Assentamento Socorro, município de Areia, a partir de intercâmbio no maior criatório estadual de abelhas uruçu e a oficina realizada na sede da Coonap, no Bairro Prata, em Campina Grande.

Entrevistado no Programa Esperança no Campo e Programa Domingo Rural, o agricultor Jerônimo Sampaio de Araújo, residente no Assentamento Serra Monte, Cabaceiras, falou sobre a importância e as perspectivas de ampliar o conjunto das ações com a prática da meliponicultura na agricultura familiar dos diversos assentamentos rurais do Compartimento da Borborema acompanhados pela Coonap dentro dos financiamentos do Governo Federal. “Eu faço uma avaliação muito boa, é uma continuidade do que a gente começou a dias atrás, hoje nós estamos concluindo com a prática que é o mais importante em todo curso que você faz e eu estou tendo uma avaliação muito boa, é uma experiência nova como já lhe falei em outra oportunidade, mas que a gente precisava ver na prática e hoje estamos praticando aqui junto ao professor e volto a dizer mais uma vez que a gente tem que acreditar que é uma coisa que vai somar com a vida do caririzeiro”, propala aquele agricultor ao dialogar com nosso público ouvinte.

O coordenador das ações, engenheiro agrícola José Diniz das Neves, explicou que a equipe Coonap sempre detectou o potencial da meliponicultura no Cachoeira Grande que já conta com muitas famílias criando abelhas nativas em cortiços e, a partir de então, descobrem a importância ambiental e produtiva de se desenvolver o trabalho de forma racional em caixas próprias para o criatório e construídas com materiais simples e a custos baixos pela própria família. “Eu acho que a partir destas capacitações com a presença desse especialista em meliponicultura fará com que eles percebam qual é o caminho, até porque o mercado hoje não aceita mais esses produtos que não agreguem qualidade e é isso que a gente busca junto aos nossos agricultores, não só nesse assentamento porque isso aqui é ponta pé inicial, porque Cachoeira foi quem demonstrou que tem mais potencial, mas a gente vai difundir isso para o restante dos assentamentos e acredito que é uma avaliação muito positiva”, relata ao dialogar com o público ouvinte das emissoras parceiras.

Esse é o terceiro encontro de uma série destinada a meliponicultura e aconteceu na unidade produtiva do agricultor José Genuíno Barbosa, Zé Picuí, que já trabalha a criação de abelha e produção de mel a partir de cerca de 40 caixas de abelha nativa onde produz para alimentar a família e coloca para o mercado local além de vender para visitantes e exportar para outros estados a partir de conterrâneos que moram fora e fazem compra em períodos de visitas de férias. “Aprendemos o novo, que é bastante melhor porque a gente cria sem entender quase nada, e com eles ensinando a gente é bem melhor”, comemora.

Agricultor e criador no Assentamento Socorro, no município de Areia, José Geraldo Trajano da Silva Júnior, vive a experiência na criação de abelha uruçu, própria para a região do Brejo, participou do encontro e disse do processo de aprendizado dentro da dinâmica que os agricultores e agricultoras utilizam na criação das abelhas jandaíra, próprias para a região do Agreste, dentre outras regiões do semiárido brasileiro. “Achei muito bom, vi que aqui é muito diferente de lá, porque lá a gente trabalha mais a produção da bananeira e aqui eles gostam mais de bode e vaca leiteira e também achei bonito esse jeito daqui”.

José Gomes Filho, Gentinha, disse ter achado muito importante porque antes as famílias não tinham noção desses novos conhecimentos e tecnologias e, com a chegada da assistência técnica proporcionada pelo Coonap/Incra, tudo está melhorando na forma de viver e produzir e oferecendo melhor condição de vida para as famílias assentadas no coletivo da reforma agrária. “Estão trazendo muitas coisas que a gente não tinha, são essas aulas que eles dão e muitos ensinamentos de coisas novas”, explica o agricultor que contabiliza cerca de 50 curtiços.Voltando a dialogar com nosso público ouvinte, José Vital Pereira, morador naquele assentamento rural e criador em cortiços, disse já contar com melhor valor de conhecimento agregado e diz acreditar na melhor forma de produção e produtividade da criação de abelhas nativas tomando como base o fato das famílias já praticarem a atividade como suporte fortalecedor da diversidade da agricultura familiar. “Pra mim foi bom demais porque é um novo conhecimento, a gente criava abelhas nuns troncos aí e agora vamos passar a criar nas caixas com mais higiene e é bem melhor assim”.

Já a agricultora Maria Aparecida Aureliano, reside no Assentamento Pequeno Richard, município de Campina Grande, participou do encontro e evidenciou detalhes do aprendizado como algo de fundamental importância para as famílias que hoje vivem em áreas de assentamentos e que têm como iniciar uma nova forma de produção e vida já que estão tendo acesso a terra com mais riquezas em vegetação. “Aqui estou vendo que a mata daqui é melhor do que lá, mas lá dá também pra criar, agora é que o pessoal lá já desmatou muito, então são poucas pessoas que criam, então é assim, toda a vida eu tive muita vontade de criar essas abelhas só que eu não sabia como fazer e aqui vi algo muito bonito e muito importante”.

Especialista em criação das abelhas nativas(meliponicultura) e das abelhas com ferrão(apicultura), Leon Denis Batista do Carmo, componente da Emepa, Empresa Estadual de Pesquisas Agropecuárias, responsável técnico pelo repasse de conhecimentos sobre a cultura na trajetória de eventos, discutiu durante as três fases dos repasses das técnicas e tecnologias(intercâmbios de agricultores e agricultoras, oficina sobre a cultura em Campina Grande e agora oficina prática da construção das caixas e transferências das abelhas para a nova moradia) evidenciando as amplas formas de fazer a criação nas formas atuais e atualizadas. “Hoje a agente repassou todas as técnicas de criação de abelha sem ferrão, aqui na comunidade a gente tem os criadores ainda com as abelhas nos cortiços criando de forma rústica e a nossa intenção aqui hoje foi justamente repassar pra eles a forma correta de criação visando a preservação das espécies, preservação do meio ambiente e a concepção de que a atividade gera renda, esse é um objetivo que a gente vem tentando cumprir ao longo dessa nossa trajetória. A avaliação em si foi boa, a receptividade do pessoal foi bastante acolhedora e resta agora eles porem em prática o que foi repassado, a gente espera que a partir de agora as técnicas de criação na região passem a mudar e a nossa parceria, via Emepa, é fundamental já que a gente tem esse trabalho há alguns anos em desenvolvimento no estado e a gente vem acompanhando o produtor, na medida do possível, e nossa intenção é fazer, justamente, com que a atividade venha a se desenvolver na Paraíba”.
Fonte: Stúdio Rural / Programa Domingo Rural

Compartilhe se gostou

Deixe seu comentário

Seu endereço de e-mail não será publicado. Campos marcados como (obrigatório) devem ser preenchidos.

Newsletter

Através da nossa newsletter você ficar informado, o informativo do estudo rural já conta com mais de 20 mil inscritos, faça parte você também.

Back to Top