
Movimento camponês brasileiro afirma que sistema agroexportador sufoca o agroalimentar e encarece alimentos ao consumidor nacional
Representações do MST, Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais sem Terra no Brasil estiveram em recente reunião com o presidente Lula objetivando discutir o papel do Estado, através de politicas públicas, que venham fortalecer a agricultura familiar brasileira para a oferta de alimentos de qualidade que possam estabilizar os mercados de alimentos a partir do processo da oferta e da procura e ao mesmo tempo apontaram as contradições do sistema agroexportador brasileiro no aumento de preços internos e possíveis desestabilizações dos preços e da oferta da diversidade de alimentos em todo o território nacional. “O governo passou a estudar a possibilidade de taxar importações e reduzir os impostos internos, incentivando a produção de alguns dos produtos que mais impactam a inflação, medidas que podem ter impacto imediato, mas não resolvem problemas estruturais do modelo de produção e distribuição de alimentos no Brasil”, afirma a assessoria do movimento através das redes sociais.
Para a presidenta da ABRA, Associação Brasileira de Reforma Agrária, Yamila Goldfarb, todo o processo de melhoria de ofertas de alimentos produzidos para abastecer os mercados internos passa por um processo de políticas públicas estruturantes como o acesso a terra, o processo de mais capacitação das famílias, créditos, dentre outras. “É evidente que existem soluções que podem ser de mais curto prazo, mais emergenciais, mas as soluções de fato pra gente ter a garantia de uma soberania alimentar, ou seja, produtos acessíveis de forma permanente pros alimentos saudáveis, isso exige algumas políticas que são estruturais, entre elas mexer com a oferta do alimento, isso significa que primeiro e, antes de mais nada, a gente ter mais famílias produzindo alimentos nesse país, parece um assunto antigo falar em reforma agrária, mas não é, a gente precisa de fato ter mais agricultura familiar produzindo alimentos porque a gente sabe que de fato alimento in natura, frutas, legumes, verduras, parte dos grãos quem produz de fato é mais a agricultura familiar, a grande propriedade ela está produzindo commodities pra exportação”, explica aquela liderança.
“Na semana passada, integrantes do Movimento sem Terra estiveram aqui no Palácio do Planalto reunidos com o presidente Lula. Entre outros assuntos os dirigentes disseram que apresentaram ao governo um conjunto de propostas que podem ajudar a reduzir o preço dos alimentos e, sobretudo, a recuperar a vocação de produção agroalimentar do país em contraposição ao modelo agroexportador dominante”, explica o correspondente do Brasil de Fato, Leonardo Fernandes.
Importantes propostas e temas foram colocados
Temas como a recuperação dos armazéns e silos da Conab, que permitam ao país desenvolver a Política dos Estoques Reguladores, como forma de equilibrar o preço dos alimentos disponibilizados ao mercado interno foram fortemente trabalhados. “O Estado tem esse poder, ele pode fazer isso, a questão é a gente teve toda uma política de privatização desses estoques, então a gente precisa recuperar a nossa infraestrutura de armazenamento, mas também ter orçamento e estratégia operacional pra que a gente de fato tenha uma política de estoques reguladores e etc, então acho que sempre foi necessário, mas talvez agora seja não só necessário, mas imprescindível que a gente atue de uma maneira já prevendo oscilações, já prevendo situações em que a questão do abastecimento alimentar vai estar em jogo”, explica a presidenta do CONSEA, Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, Elisabetta Recine.
Fonte: Stúdio Rural / Programa Domingo Rural / Ascom
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