O painel “Mulher, Clima e Poder”, realizado pela Plataforma Cipó nesta quarta-feira (13) no Hub da Amazônia, reuniu algumas das líderes mais influentes do cenário nacional e internacional para debater a convergência crucial entre justiça climática, direitos humanos e igualdade de gênero.

O debate teve como enfoque a premissa de que não há solução sustentável para as crises globais sem a plena participação das mulheres. A conversa girou em torno da necessidade urgente de aumentar a representatividade feminina nos espaços de decisão em todo o mundo, transformando o poder com propósito, empatia e visão de longo prazo.

Fátima Bezerra: a voz do Nordeste e dos subnacionais
A governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra, levou a voz dos estados subnacionais e, em especial, do Nordeste ao evento. Ela ressaltou que a transição energética deve ser analisada sob as dimensões de gênero, classe e raça, e não apenas ambiental.

Em sua fala, a Governadora representou a região com orgulho e um histórico de pioneirismo. “Estou aqui representando não só o Consórcio Nordeste, mas representando exatamente os estados subnacionais para junto com vocês reafirmar com toda a convicção que o futuro sustentado, justo, inclusivo só será possível com mais mulheres, mais mulheres governando, legislando, liderando e ocupando todos os espaços de poder e decisão.”

Liderança global: destaque a Michelle Bachelet
A ex-presidenta do Chile e ex-Alta Comissária da ONU, Michelle Bachelet, proferiu a palestra de honra e foi o grande destaque internacional do painel. Bachelet enfatizou que as mulheres são as primeiras a enfrentar as crises e as últimas a serem escutadas. Ela foi enfática ao afirmar que “não haverá soluções sustentáveis para o câmbio climático, se não temos a visão, a voz e a liderança das mulheres”.

Ela reforçou a necessidade de investimento e crença no potencial feminino. “Vinte anos depois [da primeira presidência], eu ainda acredito que este é o nosso maior desafio: escutar as mulheres, acreditar nas mulheres e investir nas mulheres”.

Bachelet encerrou sua participação reafirmando sua candidatura a Secretária-Geral das Nações Unidas e foi aplaudida de pé, recebendo o apoio de todas as líderes presentes ao encontro.

Potência feminina e defesa da democracia
O painel contou ainda com a participação de outras líderes importantes. A ministra do Supremo Tribunal Federal, Cármen Lúcia, que foi saudada pela governadora Fátima Bezerra como uma “guardiã da Constituição Cidadã e da democracia brasileira”, defendeu que as mulheres estão em movimento permanente para chegar a uma situação de igualdade.  “Não é nem que nós queremos mandar em alguém, nós queremos mandar junto com, para fazer com que não haja tantos desmandos, mas que o mando seja legítimo e coerente com o que nós queremos: uma sociedade muito melhor”, afirmou a ministra.

Janja Lula da Silva, enviada Especial da COP30, reforçou a responsabilidade da geração atual em integrar pautas de direitos humanos, sustentabilidade e combate ao fascismo. A ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, ecoou a fala da governadora ao destacar o papel das mulheres na resistência política: “E como a governadora Fátima Bezerra lembrou aqui, o papel das mulheres foi fundamental para barrar o fascismo no país.”

O painel “Mulher, Clima e Poder” contou também com a participação das ministras Anielle Franco e Márcia Lopes, da secretária-geral do Club de Madrid, Maria Elena Agüero, além das deputadas federais Célia Xakriabá e Jack Rocha, e da mediadora Maiara Folly, da Plataforma Cipó.

As líderes concordaram que a igualdade de gênero e a justiça climática são duas faces da mesma moeda e exigiram uma transformação social que garanta um futuro mais justo e inclusivo para todas e todos.

Fonte: Stúdio Rural / Programa Domingo Rural / Ascom