
Força negra cria, mantém e fortalece riqueza de Campina Grande e precisa impor inclusão nos espaços de poderes: diz educador paraibano
O município de Campina Grande, localizado numa região historicamente de convergência cultural, econômica, dentre outras e tida como cidade capital do trabalho é também uma cidade de viés coletivo conservador nos espaços de discussão e concepção política e precisa, através de seu povo composto de escolas, instituições representativas e importantes universidades, fazer uma verdadeira avaliação da importância do papel do homem e da mulher negra no crescimento desta metrópole nos mais variados aspectos.
A concepção é do educador pela rede estadual de educação, em Campina Grande, e pela rede municipal de educação, em Mogeiro; professor João Tavares da Silva Neto, entrevistado no Stúdio Rural dentro das atividades do 20 de novembro, Dia Nacional da Consciência Negra, em especial pela seção especial na Câmara Municipal de Campina Grande e no intercâmbio da educação no Quilombo Pedra D`água no município do Ingá.
Tavares Neto diz que a sociedade negra e minorias estão tomando consciência de sua importância no processo de construção de um município em todas as suas dimensões, e, ao mesmo tempo, diagnosticando o processo de exclusão dessas comunidades nos diversos espaços, o que tem gerado novas atitudes a exemplo da eleição positiva da primeira vereadora negra na Câmara Municipal de Campina Grande, Jô Oliveira, que fez com que o 20 de novembro preenchesse os espaços daquela casa com a diversidade de povo contido em Campina Grande. “Isso é resultado de uma cidade que começa a repensar o seu papel legislativo, nós tivemos a vida toda de frente pra um poder legislativo mirim conservador, autoritário, machista e preconceituoso, essa mudança com a chegada de Jô Oliveira, embora não seja da minha agremiação política, mas é do meu campo, eu posso dizer que a chegada dela dá a essa casa uma outra cor, e essa cor nós vimos hoje pela primeira vez e em outras vezes que já aconteceram e eu não estava, e faz com que a gente comece a fazer novas leituras, leituras essas que agora no 20 de novembro isso nos representa de forma muito forte, representa a academia, representa as associações, os setores mais modestos da sociedade, enfim a casa de foto estava cheia de povo, e quando falo povo, digo de todas as classes, de todas as etnias, de todas as religiões e tudo mais”, justifica Tavares Neto classificando o povo negro, segunda a maior polução do planeta, como sendo a mais sofrida e degradada pelos poderes políticos, econômicos e culturais a citando as denúncias feitas na seção especial pelas comunidades de terreiros de que são rotineiramente violentadas por agremiações religiosas da cidade. “Sim, porque quando você fala numa religião, por exemplo a religião do oriente, que chegue aqui ela é aceita, pode não ter muitos adeptos, ninguém joga pedra na casa; mas do povo negro a história é outra, dos quase quatrocentos anos de escravidão só interessava o suor que se transformava em riquezas, não interessava a religião, não interessava a língua desse povo, o idioma, tanto é que quando vinha de lá pra cá eles já no primeiro dia eram escravos pra poder carregar o peso daquele navio até chegar aqui no dorso, no lombo do mar. E ao chegar aqui, a primeira cosa que faziam era dividir as pessoas pelas diferenças de idiomas, ia um pra fazenda A, outro pra fazendo B exatamente pra matar o idioma. E o grande de uma sociedade é a sua língua, depois a sua religião que é seu espaço de fé”, explica aquele educador acrescentado que está ficando claro a cada dia que aquele povo veio pra cá não apenas com uma mala, mas também uma simbologia, com suas religiões, suas culturas, seus valores que têm que forçosamente que serem assegurados” reforça Tavares Neto acentuando o papel das escolas e da educação para o processo de transformação humanizada.
Fonte: Stúdio Rural / Programa Domingo Rural /
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