
Amigos de Elaine, Comitê Ana Alice e sindicato se unem pedindo punição contra João Valentim
Representações do Comitê Ana Alice de Combate a Violência contra a Mulher no meio rural, componentes do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Queimadas que desenvolvem, em parceria, um trabalho com mulheres rurais vítimas de violência e amigos da jovem camponesa Elaine de Sousa Nascimento, Pequena, se uniram a diversos outros participantes, dentre os quais estudantes do curso de direito pela Universidade Estadual da Bahia(UESC e UESB) e Universidade Estadual da Paraíba(UEPB).
Em razão da jovem Elaine ter feito parte do coletivo da juventude camponesa acompanhada pela comissão de jovens do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Queimadas e Polo Sindical da Borborema, aquele sindicato acompanhou a temática desde o primeiro dia de desaparecimento da jovem camponesa que aos 13 anos de idade passou a morar com o pai e familiares no município de Barra de Santana.
A vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Queimadas, Angineide Pereira de Macedo, disse que desde o início a família residente no sítio Lutador de Queimadas pediu apoio ao sindicato e ao Comitê Ana Alice por acreditar que o pai teria praticado mal contra a própria filha o que fez com que as representações sociais se mobilizassem e cobrassem redirecionamento nas investigações por parte das autoridades policiais que, em razão do pai ter ido prestar Boletim de Ocorrência dando conta que a filha tinha ido embora com um namorado, se continha como caso encerrado e com a provocativa do coletivo social as diligências foram reiniciadas e a causa elucidada. “Eu faço uma avaliação da participação da gente como uma avaliação bem positiva, uma avaliação em que acredito que é assim que a gente tem que participar, trata-se de um pai que cometeu um crime, mas que precisa ser punido, não é matar uma pessoa como se essa pessoa não tivesse valor nenhum tornando em algo banal, é pessoa importante, uma jovem de 16 anos que acredito que poderia ter muito futuro pela frente, quem sabe se essa pessoa não poderia ser uma professora que poderia educar outras crianças e foi-lhe tirado a vida e é assim que nós acreditamos que quem cometeu um crime deve pagar por ele e é por isso que nós estávamos todas presentes aqui”, explica aquela liderança que foi vítima de violência quando perdeu sua própria filha Ana Alice de Macedo Valentim, de 16 anos de idade, vítima de estupro, morta e teve o corpo enterrado, no dia 19 de setembro de 2012, numa fazenda em Caturité, com crime praticado pelo vaqueiro Leônio Barbosa de Arruda.
Durante ampla entrevista concedida a nossa equipe Stúdio Rural, aquela liderança camponesa explicou como tem sido o trabalho desenvolvido pelo sindicato para o processo de convivência com o semiárido numa perspectiva de que a violência no meio rural, em especial contra as mulheres, é um grande entrave para o desenvolvimento da qualidade de vida camponesa no semiárido queimadense, paraibano e nordestino. “Eu fico assim contemplando aquela história de quando aconteceu naquele dia(17 de julho de 2013) quando a gente ficou sabendo dentro do Comitê do ocorrido, eu também fiquei muito surpresa com o que acontecera por que eu não esperava, na verdade eu não esperava, não sei se é em razão de meu modo de ver as coisas, então não esperava que fosse um pai que tirasse a vida de uma filha, sabia que algo de errado tinha porque um filho sair com um pai e desaparecer isso tem algo de errado e quando a gente foi buscar o diálogo com a delegada veio a perceber que infelizmente tinha sido o pai mesmo quem lhe tirou a vida”, dialoga Angineide ao relembrar as teses trabalhadas pelo coletivo do sindicato e do Comitê ao cobrar ações do estado para explicar a ausência da vítima desaparecida.
Pela UESC, Universidade Estadual de Santa Cruz, Estado da Bahia-BA, participou a estudante de direito Indra Luthiane Gomes Nunes; pela UESB, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, participou o acadêmico de direito Pablo Vinícius Gomes Nunes; e pela UEPB, Universidade Estadual da Paraíba participou a também estudante de direito Rayane Marta Tavares da Silva que, ao dialogar com Stúdio Rural, afirmam que foi espeço de aprendizado e troca de experiências.
Fonte: Stúdio Rural / Programa Domingo Rural
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