Justiça de Aroeiras condena pai que matou filha a mais de 17 anos de reclusão

SR041115a17 anos e oito meses de reclusão como forma de pagar pelo assassinato da própria filha, o barbeiro João Valentim do Nascimento, Dão, ouviu por parte da juíza Renata Barros de Assunção Paiva o veredicto, resultado do embate entre acusação e defesa diante do fato de que Dão matou a adolescente camponesa Elaine de Sousa Nascimento, Pequena, de 17 anos, no dia 17 de julho de 2013.

Naquela data e de sua residência, em Barra de Santana(Cariri Oriental), Valentim saiu de casa com a filha com destino à cidade de Queimadas objetivando fazer compras de alimentos, na metade do trajeto desviou do caminho no sentido Aroeiras(Vale do Paraíba) quando num determinado trecho da estrada deu quatro tidos na filha e abandonou o corpo no local e a partir daí passou a conviver com argumentos de que a filha tinha ido embora com um namorado.

Tudo foi desvendado pela polícia com o apoio de familiares de Elaine e da sociedade organizada via Comitê Ana Alice e Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Queimadas, local de origem da jovem agricultora, tempo em que João se entregou a polícia e no último dia de outubro deu-se o desvendar de tudo quando foi trabalhado o julgamento e ao final o acusado foi condenado a 18, 6 anos de reclusão.

Uma realidade com conceitos divididos: de um lado familiares de Elaine por parte da mãe(in memória), componentes do Comitê Ana Alice de Combate a Violência Contra a Mulher, Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Queimadas e de outro acompanhado por irmãs, filhos, filha, sobrinhos, cunhados do acusado num entendimento de que perderam Elaine como componente familiar e ao mesmo tempo João Valentim em consequência da tragédia por ele empreendida contra a vida de Elaine.

Stúdio Rural acompanhou tudo e destacou no Programa Esperança no Campo e Programa Domingo Rural da Rádio Queimadas FM e Rádio Serrana de Araruna AM nos dias 24 e 25 de outubro, sábado e domingo respectivamente, quando entrevistou familiares, autoridades e representações da sociedade civil.

Cícera do Nascimento Silva é agricultora familiar no município de Barra de Santana, irmã de Valentim e tia de Elaine. Ao dialogar com Stúdio Rural disse que foi uma experiência imensamente dolorosa para toda a família quando foi ficando claro o ocorrido com a jovem diante da prática de assassinato pelo próprio pai, criando uma realidade forte em todo o ciclo familiar. “Mais foi difícil, eu não sabia o que fazer, eu pensava a toda hora naquela realidade, pensava como é que ele ia ficar, eu chorava com pena dela e não chorava tanto com pena dele, eu me segurava mais e chorava sempre com pena dela, daí fui superando e até que chegamos até aqui, ele ficou em liberdade uns dias e hoje estamos aqui e espero que daqui pra frente ele possa também enfrentar o que vem pela frente por que não tem muito o que fazer mais”, explica a agricultora se dizendo desapontada com a realidade enfrentada, mas motivada em apoiar o irmão durante o processo de pagamento da pena.

Maria José Barbosa da Silva é esposa de Valentim e madrasta por cerca de quatro anos da vítima Elaine de Sousa Nascimento, conversou com nossa equipe e garante que pelos poucos anos de convivência com a vítima conseguiu ter uma vivência normal de apoio semelhante ao dado aos enteados e a filha menor do casal e garante que todos foram tomados de surpresa pela violência empreendida pelo pai matador da jovem. “A justiça foi feita e agora está nas mãos da justiça. Ela pra mim era como uma filha, essa menina aqui é minha filha, mas ela gostava mais de mim do que essa aqui, andava abraçada e tudinho estão aqui pra dizer”, explica ao dialogar com nossa equipe relatando detalhes do ocorrido naqueles dias de julho de 2013 e sobre como procederão a partir de então que o agressor fica preso como forma de pagar pelo crime praticado.

Dentre os
entrevistados, Stúdio Rural conversou com o agressor condenado aos 17, 8 anos João Valentim. Ele se disse abatido com a realidade, que não entende como cometeu o crime e afirma que agora pagará junto a justiça com a esperança de futuramente sair para iniciar vida nova. “Estou chocado ainda com uma coisa dessas, não consigo ainda acreditar e explicar nada não”, relata.

Claudius Augusto Lyra Ferreira Caju advogou por Valentim e, ao dialogar com nossa equipe, ele explica que tentou desclassificar para homicídio simples como forma de diminuir a pena do acusado, por entender que o mesmo tem problemas mentais. “A defesa estava tentando desclassificar para homicídio simples, entendendo que a qualificadora não existia, até porque o réu pai da vítima já passou quase dois anos preso, quer dizer: quem mais sofre hoje é ele. Então por isso que a defesa tentou tirar a qualificadora pra que ele fosse condenado pelo homicídio simples que seria uma pena justa, pegaria uma pena de 6 a 20 anos dentro das condições dele, até porque ele tem problemas mentais, é só ver o exame dele de insanidade mental, mas vamos analisar as circunstâncias do processo e possivelmente recorrer da decisão”, explica o jurista ao dialogar com o público ouvinte Domingo Rural e Esperança no Campo

Fonte: Stúdio Rural / Programa Domingo Rural

Compartilhe se gostou

Deixe seu comentário

Seu endereço de e-mail não será publicado. Campos marcados como (obrigatório) devem ser preenchidos.

Newsletter

Através da nossa newsletter você ficar informado, o informativo do estudo rural já conta com mais de 20 mil inscritos, faça parte você também.

Back to Top