A feira agroecológica da agricultura familiar de Queimadas teve início no último dia 18 de dezembro, tendo como local o Pátio do Povo e representou o resultado do processo de organização social daquelas famílias, via Sindicato dos Trabalhadores Rurais, dentro das dinâmicas do Polo Sindical da Borborema enquanto órgão da Articulação no Semiárido.

Inaugurada em pleno período de seca, a feira teve como tema: Feira do Natal sem Veneno e, conforme as lideranças daquele sindicato, é resultado de um trabalho parceiro com as entidades diversas do Polo, é empreendimento da rede de feiras da EcoBorborema que conta com financiamentos de órgãos do Governo Federal como Ministério do Desenvolvimento Social, Ministério do Desenvolvimento Agrário dentre outros e a partir de então fica acontecendo todas as sextas-feiras, com exceção do período natalino e final de ano em que convencionou-se a quinta-feira. “Esse é o começo presente de uma feira que será grande no futuro de Queimadas, foi um desafio para os agricultores que decidiram enfrentar e inaugurar uma feira num período crítico, período de seca com poucos produtos, mas já mostramos que temos produtos da agricultura familiar que podemos disponibilizar para os consumidores de Queimadas, não temos muitas coisas porque o período é crítico no momento, ano de estiagem, pouca produção, hortaliça não é nosso forte porque somos semiárido que não temos muito essa vocação de produzir hortaliças, mas é devagar que se vai ao longe”, filosofa a presidente do sindicato, Maria Anunciada Flor Barbosa Morais, acrescentando que com a chegada das chuvas em breve a oferta será bem ampliada. “A chuva virá pra fortalecer a produção e os agricultores vão se sentir motivados e incentivados a produzir mais porque agora tem o espaço de vendas”, comemora aquela liderança.

Marcelânia Machado da Silva é jovem agricultora produtora e residente na comunidade Serra Alta, faz parte do processo de mobilização do sindicato junto a juventude camponesa e já está incluída na feira ofertando mel de abelha em garrafa, litro e potes em favos. Ela garante que a família dela tem forte potencial para iniciar a oferta de uma linha diversificada de alimentos agrícolas tão logo se inicie o período chuvoso. “Começa muito bem, começou bem animada com muita gente que veio comprar e aqui vimos diversos produtos para agradar o paladar do público”, comemora a jovem agricultora aproveitando pra falar de seus produtos ofertados. “Eu trago mel de abelha italiana, como eu tive ajuda do sindicato onde recebi algumas colmeias e eu já tinha algumas colmeias e fiz só ampliar e agora estou trazendo o mel de abelha para a feira”, justifica com alegria.

Presidente do Instituto de Cooperação Agrícola(ICA) e assessor especial da Secretaria de Desenvolvimento Social da prefeitura local, Sidney de Oliveira Silva disse da importância da criação da feira, do potencial que tem a agricultura local, das ações que as entidades locais estão empreendendo e sobre a pujança do mercado queimadense.  “Eu acho que cada vez mais nós começamos a perceber iniciativas puxadas como essa que o sindicato traz aqui pra Queimadas das feiras agroecológicas, e nada mais justo do que no mês das atividades da economia solidária alternativa, acho que a gente avança muito nesse sentido, mesmo com todas essas dificuldades que a gente está tendo do ponto de vista climático, mas você está vendo que tem uma produção ainda e que se consegue produzir ainda com um mínimo que se tem de tecnologia no semiárido e a gente tem é que aplaudir e fortalecer de forma a chamar a população a valorizar esse tipo de iniciativa e está de parabéns todas as organizações que estão potencializando e idealizando esse projeto e, em especial, não deixando de salientar a juventude rural em que acho que com iniciativas como essas, cada vez mais vamos estar afirmando o homem do campo e nada mais justo do que fortalecer a juventude”, explica Sidney ao iniciar seu diálogo com o público ouvinte da Rádio Queimadas FM e Rádio Serrana de Araruna AM.

Ana Paula Cândido é secretária do sindicato, participou da feira e do Programa Esperança no Campo e Programa Domingo Rural levando informações sobre o processo de organização das famílias que passam a vender seus produtos de forma direta ao consumidor. “A juventude está muito bem contemplada, a gente percebe que isso é um espaço que a gente não estava ainda ocupando como a gente desejava, mas a gente deu o ponta pé inicial, estamos iniciando nossa feira e para nós agricultores familiares e também representantes da classe trabalhadora rural do município é um sonho se concretizando, há muito tempo a gente vinha pensando em nossa feira agroecológica ser inaugurada, mas tinha um certo medo de arriscar já que a gente mora num semiárido em que falta muita água e, diante das condições climática que a gente vem passando, isso dificulta, mas temos que reconhecer que temos produtos pra botar na feira, em alguns períodos mais, noutros menos, mas a gente não poderia deixar de inaugurar pra dizer que a alimentação tem que ser de qualidade”, relata Paula se referindo ao bom período natalino e de final de ano em que o consumidor encerrará o ano deixando pra trás os produtos venenosos e iniciará 2016 trazendo produtos limpos e saudáveis para sua mesa.

Paulo Severo do Nascimento é secretário da Infraestrutura daquele município e participou da feira quando foi entregar o documento que autoriza o uso do espaço pelas famílias agricultoras que passam a fazer uso do ambiente todas as sextas-feiras. “É um momento importante haja vista que esses produtos são naturais produzidos por gente da região, é importante que a prefeitura municipal apoie esse projeto para que a população venha ganhar, todo mundo vive hoje correndo atrás de um produto de boa qualidade e eu acredito que essa feira vá trazer pra Queimadas produtos que venham melhorar a saúde da população”, comenta Severo em contato com nosso público ouvinte.

Fonte: Stúdio Rural / Programa Domingo Rural