Assassinato de Ana Alice é julgado e réu pega 34 anos de reclusão

SR010915aDepois de quase três anos da morte da jovem estudante, agricultora e militante no Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Queimadas, Ana Alice de Macedo Valentim, no último dia 18 de agosto foi julgado o réu confesso, Leônio Barbosa de Arruda, responsável pelo estrupo, assassinato e ocultação do corpo da jovem no dia 19 de setembro de 2012, fato ocorrido na comunidade Serrote Branco, município de Caturité.

O jure aconteceu durante todo o dia 18 de agosto último, na Câmara Municipal de Queimadas, foi presidido pelo juiz Antônio Gonçalves Ribeiro Júnior que anunciou a pena de 34 anos e quatro meses de reclusão, além de 60 dias de multa, a ser cumprida em regime fechado, pelo assassinato da jovem estudante agricultora.

O tema foi evidenciado no Programa Domingo Rural e Esperança no Campo a partir de entrevista com o assistente da promotoria, advogado Claudionor Vital; secretária de Estado da Mulher e da Diversidade Humana, Gilberta Soares; com o advogado Noaldo Meireles, assessor parlamentar do deputado Luiz Couto; e com o presidente da Comissão dos Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, deputado Frei Anastácio que acompanharam as atividades durante toda a terça-feira(18).
“Como presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, e como parlamentar e cidadão eu não poderia faltar a um jure tão importante para essa cidade e essa região. Quero dizer que estou saindo emocionado com tudo que vi durante esse jure e dizer que os bandidos têm que irem para a barra da justiça e serem julgados como foi o caso deste crime bárbaro contra uma pessoa indefesa, então quero dizer que a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia e o deputado Frei Anastácio está dia a dia na defesa dos trabalhadores, seja policiais, seja agricultores, seja dona de casa ou seja todos aqueles que de alguma forma são atingidos pela violência e entendo que a bandidagem tem que pagar através da justiça e na cadeia para fazer entender que eles não podem tirar a vida das pessoas, não podem maltratar as pessoas e não podem usar da violência para com as pessoas”, explica o deputado estadual Frei Anastácio(PT-PB), evidenciando a importância do Comitê Ana Alice e o processo de organização social que se registra na atualidade queimadense. “Quero dizer que esse Comitê Ana Alice deve permanecer organizado para o combate de todo o tipo de violência que venha prejudicar a vida do cidadão e ou cidadã, seja daqui de Queimadas como também da região, como da Paraíba como um todo porque aqui temos pessoas não só de Queimadas que formam esse Comitê, então vejo ser preciso continuar lutando pelo direito dos trabalhadores”.

“Faço uma avaliação positiva já que a sociedade conquistou o que queria que era exatamente o julgamento e a condenação do réu pelo ocorrido, a questão da pena que foi aplicada está dentro da razoabilidade do que era esperado, poderia ser dosada maior, mas foi dentro dos critérios legais e é isso, é um crime de violência que é julgado onde o réu é condenado pra servir de exemplo para a sociedade para que condutas como essas não venham ser novamente praticadas”, relata o advogado Claudionor Vital que trabalhou como assistente da promotoria.

“A gente está junto neste processo enquanto Governo do Estado mostrando que o poder público também é responsável pelo enfrentamento a essa violência junto com outros setores como a justiça, o Ministério Público, os movimentos, a sociedade civil e então é uma forma de mostrar o apoio a família, o apoio ao Comitê Ana Alice que tão bravamente trabalhou para que esse momento chegasse hoje e então não poderíamos deixar de trazer nossa solidariedade e demarcando a solidariedade do poder público com esses processos. Compreendemos que a denúncia precisa ser feita, o inquérito, mas a conclusão é o julgamento e nada como a gente estar juntas nesse momento até para que a gente possa reforçar o papel do judiciário na conclusão dos casos do julgamento e nós temos outros julgamentos a serem feitos de outras vítimas que perderam a vida por violência contra a mulher, pelo machismo com os homicídios e estamos na expectativa do outro julgamento e então estamos fazendo esse trabalho de acompanhamento e felizes de que tenha sido feito e que ele tenha sido condenada e que a justiça tenha sido feita para Ana Alice, para a família de Ana Alice, para o povo de Queimadas e para todas as mulheres do nosso estado”, expressa a secretária da Mulher e da Diversidade Humana do Governo do Estado, Gilberta Soares.

“O mandato do deputado Luiz Couto acompanha, de certa forma, esse processo desde o início sempre solidário com a comunidade de Queimadas e com os familiares e principalmente em busca de justiça já que esse não é um processo que tenha atingido só Ana Alice, só a família de Ana Alice, é um processo que atingiu a comunidade como um todo e cito a colocação do promotor que acho ter sido muito feliz de que é um delito que atinge a liberdade das pessoas, então tivemos justiça que acho que foi o que a comunidade conseguiu hoje aqui que era o anseio maior, era a busca maior e era o mais importante essa sensação de justiça e aproveito para ressaltar o grande trabalho feito pelo Comitê, eu sou advogado do mandato e atuo na área criminal e acho que o trabalho feito pelo Comitê foi essencial não só para que tivesse o julgamento, mas para o resultado do julgamento”, explica o advogado Noaldo Meireles ao dialogar com nosso público ouvinte.   No final da tarde do dia 19 de setembro de 2012, às 17:45 horas, Ana Alice descia do ônibus escolar advindo de Boqueirão no sentido Queimadas, se despediu dos amigos e amigas escolares, atravessou a pista, pegou uma curta estrada de terra que conduz à sua residência quando a cerca de 500 metros foi alcançada por Leônio Barbosa de Arruda que a ameaçou com uma espingarda calibre 12, raptou-a até a fazenda onde morava e onde estuprou-a e a matou com pancadas na cabeça utilizando a própria espingarda.

A partir do dia 19 de setembro a família e amigos componentes do recém-criado Comitê Ana Alice de Combate a Violência Contra a Mulher passaram a procurar e acompanhar todo o processo de investigação até o dia 07 de novembro quando Leônio foi preso por repetir o feito contra a agricultora Antônia Rodrigues, na comunidade Bonita de Caturité, crime que aconteceu no final da tarde do dia 31 de outubro daquele ano e que teve seu desdobramento sete dias depois com a prisão do vaqueiro.
Naquele 31 de outubro, semelhante ao que aconteceu com Ana Alice, a agricultora Antônia Rodrigues saiu para caminhar, como de costume, às 16:30 horas quando foi alcançada minutos depois pelo vaqueiro estuprador que colocou a mesma espingarda calibre 12 na cabeça da vítima e aproximadamente às 18:30 horas a atingiu fortemente na cabeça e jogou o corpo numa caixa de concreto, no sítio Ramada de Boqueirão até que a agricultora reanimou-se na madrugada do dia 1 de novembro, buscou socorro em casas vizinhas quando foi levada para o Hospital de Traumas de Campina Grande e em seguida denunciou o acusado.
Fonte: Stúdio Rural / Programa Domingo Rural

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