Rádio Serrana e Queimadas FM evidenciam seminário paraibano sobre raças nativas na agricultura familiar

SR071215cAgricultoras e agricultores familiares paraibanas participaram de um seminário sobre a importância das raças nativas na agricultura familiar agroecológica, em evento que aconteceu durante os dias 17, 18 e 19 de novembro, no Santuário Padre Ibiapina, no município de Arara, Curimataú paraibano.

Programa Esperança no Campo e Programa Domingo Rural do sábado(21) e domingo(22) evidenciaram a temática a partir de entrevistas concedidas por agricultores, agricultoras e lideranças da agroecologia paraibana explicando detalhes do trabalho em campo nas raças nativas e ao mesmo tempo avaliando o evento que objetivou aprofundar a reflexão sobre a importância das raças nativas na agricultura familiar e analisar a influência das especializações e suas ameaças ao sistema de criação animal da agricultura familiar de base agroecológica e convivência com o semiárido.

“Foi um evento muito importante que veio trazer conhecimentos e levar conhecimentos já que aqui é lugar de troca de experiências”, explica o agricultor José Francisco Benício, Zé de Arunda, residente no Assentamento Maria Preta, município Araçagi, Brejo paraibano, trazendo detalhes das experiências compartilhadas no evento. “O que todo mundo aqui ficou curioso foi primeiro com a arborização do lote já que peguei minha terra sem nada, então eu arborizei, pensei no futuro e plantei uma parte com sabiá e que hoje está com cinco e seis anos e onde já estou colhendo estacas e vendendo a R$ 5,00 e a R$ 6,00 reais o que é um privilégio; as áreas que estavam degradas com rios secos hoje são áreas de vazante de pastagens, naquelas pastagens onde o gado não vivia bem no tempo dos patrões hoje a gente cria o gado e temos sempre preservação das áreas onde a gente trabalha o cultivo e tudo isso hoje é uma fonte de renda”, explica aquele agricultora ao dialogar com nosso público ouvinte.

“É evento muito positivo, a partir do momento que a gente ver a importância da raça nativa para a agricultura familiar, já que ainda temos pouca informação sobre a raça nativa, e que o palestrante tem bem mais informação sobre raça e a gente vê que é diferente o modo genético deles e a dificuldade que a gente encontra aqui no Brasil pra dizer que a gente tem raça nativa”, explica a agricultora Márcia Patrícia, residente no sítio Lutador de Queimadas, argumentando que pouco a pouco as raças nativas vão sendo vistas como sementes a serem somadas com o conjunto das sementes já selecionadas e armazenadas na agricultura familiar agroecológica.

“Demorou muito para acontecer, já tem algum tempo que a gente vem discutindo sobre raças nativas, o resgate, a valorização dessas raças, a importância dessas raças para as famílias agricultoras e a gente está aqui avaliando, reconhecendo e também aprendendo muito”, relata a vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Queimadas, Angineide Pereira de Macedo, dizendo que o encontro revelou ainda muita riqueza de genética nativa no mundo animal do semiárido paraibano. “O evento me surpreendeu, raças que as família da gente lá tinham perdido, como o porco casco de burro que a gente chamava de casco redondo e que era uma criação que a gente tinha e que era muito importante pra gente essa criação, mas que a gente perdeu e que eu vi que a gente pode resgatar com essas trocas de conhecimentos, temos o Polo que está numa organização da valorização dessas raças e valorizando também e principalmente o que os agricultores vêm fazendo”.

“Primeiramente eu gostaria de parabenizar as instituições que tiveram a capacidade de enxergar a importância que tem a raça nativa, exatamente levanta e mostra a importância que tem os animais, as criações que são fundamentais tanto no aspecto cultural das pegas de boi, das vaquejadas como do aspecto da economia mesmo onde o bode, a galinha terminam sendo a poupança nas épocas mais secas e o agricultor vai vendo esse efeito na parte da segurança alimentar. Quem não gosta de uma boa galinha de capoeira, de um bom bode assado? Por isso que esse evento é extremamente importante”, explica o diretor do Departamento Técnico e Extensão Rural do Ministério do Desenvolvimento Agrário(DATER/MDA), Marenilson Batista.

“Esse seminário que a gente está passando esses três dias estamos resgatando tudo aquilo que a gente pensava que nem mais tinha e ainda tem e isso é uma coisa muito boa pra região Nordeste porque acho que esse seminário tem sempre que acontecer porque a gente está perdendo as qualidades de nosso rebanho pra estar valorizando outros rebanhos que não são resistentes e a gente tem que preservar os nossos rebanhos, a gente está passando por problemas muito sérios de seca e esses animais são de mais resistência de seca, e com esse encontro seminário que a gente está passando aqui é um aprendizagem pra todos os agricultores em preservar tudo aquilo que nós temos, se nós não participarmos desses encontros, futuramente vai desaparecer toda a nossa potência da criação animal que nós tínhamos e vai ficar em extinção”, comenta o agricultor Luiz de Sousa Pereira que reside no sítio Salgado de Sousa, município de Solânea, Curimataú paraibano.

“Depois de um processo muito bonito aqui na Paraíba de sementes da paixão, tinha uma inquietação muito forte de falar de sementes animais, as nossas raças locais e nativas.  Então esse evento surge nesse clima, e aqui por iniciativa de várias organizações da ASA, diga-se Polo, Patac, AS-PTA e outras Casaco, Coletivo e principalmente do protagonismo do NERA que é Núcleo de Extensão Rural Agroecológica da UEPB e do NAESP do IFPB de Sousa e do IDS que tem parceria com o Incra nos assentamentos nesse campo da ATER é que esse conjunto das organizações decidiu fazer um grande seminário pra discutir onde estão essas raças nativas, como é que elas estão e a perspectiva dessa história, pra onde é que a gente vai, então esse seminário é por essas questões aí, por essas razões”, argumenta o diretor do Instituto de Assessoria à Cidadania e ao Desenvolvimento Sustentável(IDS), Valdivan Ferreira de Almeida.

O seminário foi uma promoção de entidades diversas da ASA Paraíba em parceria com o Instituto de Assessoria e Cidadania e ao Desenvolvimento Sustentável (IDS); Núcleo de Extensão Rural Agroecológica (Nera) da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) e do Núcleo de Estudos em Agricultura Ecológica do Sertão Paraibano (Naesp) do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFPB).

Fonte: Stúdio Rural / Programa Domingo Rural

Compartilhe se gostou

Deixe seu comentário

Seu endereço de e-mail não será publicado. Campos marcados como (obrigatório) devem ser preenchidos.

Newsletter

Através da nossa newsletter você ficar informado, o informativo do estudo rural já conta com mais de 20 mil inscritos, faça parte você também.

Back to Top