Entidades de agricultores e Ministério Público discutem ações sustentáveis no combate a Mosca Negra

Entidades de agricultores vinculadas a ASA-PB, Articulação no Semiárido Paraibano, entidades ambientalistas e governo paraibano participaram de uma audiência no Ministério Público, Promotoria Especializada de Defesa do Meio Ambiente da Comarca de Campina Grande, para discutir alternativas que possam viabilizar a fruticultura, especialmente a citricultura, da região do Brejo e Agreste da Paraíba que vem sofrendo severo ataque pela Mosca Negra dos citros.

A reunião aconteceu na tarde da última terça-feira(02/03) naquele órgão e contou com a participação do promotor de defesa do meio ambiente, José Eulâmpio Duarte; ofocial de promotoria, Agnelo José de Amorim, representações do Pólo Sindical e das Entidades da Borborema, Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Lagoa Seca, APAM, UEPB, AS-PTA Defesa Agropecuária do Governo da Paraíba.

Durante a reunião foi discutido o processo emergencial pela qual está passando a agricultura regional já que o ataque mosca provocou o fechamento para a entrada dos produtos paraibanos nos estados de Pernambuco e Rio Grande do Norte, situação que tem levado o governo paraibano a ter que tomar propor medidas radicais para conter a praga e resgatar o mercado dos estados vizinhos, mesmo assim os movimentos da agricultura familiar e entidades ambientalistas colocaram sua preocupação com os impactos negativos a vida dos agricultores e do meio ambiente caso seja colocado produtos químicos que poderão quebrar a cadeia de insetos e provocar um desequilíbrio e dependência na cadeia produtiva local, citando como exemplo outros modelos já implementados e que causaram danos a vida em geral.

Para o gerente da área de sanidade animal e vegetal da SEDAP na regional Campina Grande, Renato Vitório, o governo propôs a utilização de agrotóxicos de forma emergencial por ser, no entender daquela autoridade, um produto de eficácia imediata e em seguida passar a trabalhar com produtos naturais e bioinseticidas. “Essa é a alternativa do Governo do Estado porque nós temos que baixar a população da praga e a maneira mais eficaz, mais urgente e necessária é essa. Logo em seguida quando aplicarmos os agrotóxicos e baixarmos a população nós podemos usar outros produtos alternativos, mas de urgência pra facilitar a eliminação da praga e contribuir para os produtores ter um prejuízo além do que já tem é preciso que se apliquem os agrotóxicos”.

O representante da APAN, Associação dos Amigos da Natureza, Roberto Almeida, participou da reunião, foi entrevistado de Domingo Rural e falou sobre sua preocupação com os resultados negativos que poderão ser apresentados se utilizados produtos venenosos na agricultura familiar da região e sugeriu que sejam utilizados produtos naturais que vem sendo utilizados pelas famílias agricultoras do Pólo Sindical e das Entidades do Compartimento da Borborema.

Nelson Anacleto é da Pólo Sindical e das Entidades da Borborema, participou da reunião com posições claras de que é possível produzir sem o uso de produtos venenosos na citricultura da região e falou sobre as diversas feiras agroecológicas existentes em todo o Estado da Paraíba que encontram na produção sustentável uma forma de produção e de consumo pensando na saúde das famílias agricultoras, dos consumidores e do meio ambiente. Ao ser entrevistado pela equipe Stúdio Rural, Nelson justificou porque defendeu o tempo todo a prática de combate a praga com uso de produtos naturais associados ás práticas agrícolas de fortalecimento do solo como forma de equilibrar o ecossistema. “A defesa é exatamente pelo fato da preocupação do desequilíbrio, do impacto e grande prejuízo que vai além do econômico no meio ambiente e na natureza e nós já temos toda essa experiência vivenciada com o que vem acontecendo em nossa região com seus efeitos danosos porque quando aparece um problema, uma praga uma doença se coloca os químicos como solução, mas depois os efeitos são extremamente negativos, tanto é que nós temos aí um índice muito grande de câncer e doenças originadas exatamente do uso de agrotóxicos como temos visto no dia a dia nesses municípios”, relata Anacleto ao afirmar o reconhecimento de que o governo do estado está se esforçando para solucionar o problema e ao mesmo tempo sugere que o governo escute melhor as instituições de agricultores que têm acúmulo de experiências de como produzir sem o uso de produtos impactuosos.

O agrônomo da AS-PTA, Assessoria e Serviços a Projetos em Agricultura Alternativa, Luciano Maçal Silveira, ao falar com a imprensa presente falou sobre as alternativas possíveis de serem utilizadas tomando como base todo o trabalho que vem sendo feito pelas entidades de agricultores em todo o semiárido brasileiro com resultados que superam expectativas. “Na verdade tem uma parte nas ações do governo muito positiva que eu quero primeiro destacar que é uma ação dirigida ao controle biológico, todas as pesquisas no mundo apontam que é melhor e mais eficaz saída para a mosca negra passa pelo controle biológico. O controle químico tem uma ação tópica, ele não resolve o problema em definitivo e a visita do pesquisador do Pará aqui mostrou que essa população é rica em inimigos naturais. Então o que é que a gente está fazendo? Ao mesmo tempo que se tem uma estratégia que o governo está apoiando do controle biológico a gente entende que a ação imediata não deve ser com agrotóxicos porque os agrotóxicos desses que vai ser usado ele apesar de ser apresentado como de baixa toxidade para outros insetos as pesquisas já apontam que ele é muito danoso para o ambiente. Esse produto já foi proibido na Inglaterra, na Itália, na França, na Eslovênia e no Canadá, ele está sendo associado ao mal que está matando, acabando com todas as populações de abelhas no mundo porque ele contamina necta e pólen, então tem uma doença chamada desordem de colapso das colméias que tem uma certa associação com esse produto, portanto ele já vem proibido de uso em diversos países pelos danos que ele está causando a natureza”, explica Luciano ao lembrar que a região da laranja trata-se de alta biodiversidade que sofrerá impactos desastrosos com a colocação dos produtos venenos.

O representante da Promotoria do de Defesa do Meio Ambiente, José Eulâmpio Duarte, falou sobre o que ficou combinado pelas lideranças presentes naquele evento, comentando que mais uma vez aquele órgão de justiça cumpre o seu papel em encontrar caminho de consenso entre as partes. “É uma preocupação muito grande e por isso mesmo nós vamos fazer uma proposta já que existe uma área de aproximadamente dez hectares onde foi feito o uso desse produto químico, então nós vamos pedir ao governo do estado que constitua uma comissão de mista de agroecologistas, inclusive biólogos e agrônomos defensores dos produtos ecológicos e representantes do governo do estado pra fazer uma avaliação da flora e ver as conseqüências causada a fauna aérea pelo uso desses produtos, especialmente aos insetos, se houve uma ação danosa para o meio ambiente em relação a fauna também”, explicou Eulâmpio ao afirmar que ao final dos trabalhos de campo novas reuniões serão organizadas para que medidas sustentáveis possam ser executadas.

Fonte: Stúdio Rural / Programa Domingo Rural

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