A recuperação da capacidade produtiva do Nordeste depende de uma solução efetiva para o endividamento e para a inadimplência do setor. A afirmação foi feita pelo presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado da Paraíba (Faepa) e da Comissão Nacional de Assuntos do Nordeste da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Mário Borba, durante o evento que reuniu parlamentares da região e federações de agricultura dos estados nordestinos. Borba ressaltou a necessidade de políticas diferenciadas para o Nordeste. “Além dos problemas com sanidade, logística e infra-estrutura, comuns a outras regiões do País, o Nordeste sofre com condições climáticas adversas”, observa o representante da região que abriga 46,4% da população rural brasileira.

Segundo levantamento da CNA, a maior parte do estoque de dívidas do Nordeste está concentrada em operações do Banco do Nordeste, calculadas em torno de R$ 5,2 bilhões. Mário Borba revelou que as renegociações feitas ao longo dos anos não foram suficientes para solucionar o problema do endividamento.
O presidente da Faepa apresentou ainda um panorama da atividade agropecuária nordestina, demonstrando que a maioria dos estados tem experimentado, nas últimas nove safras, uma redução da produção. Esse quadro, na opinião de Borba, é fruto da falta de investimentos. Segundo dados da CNA, apenas 26% do Produto Interno Bruto (PIB) da agropecuária nordestina foi financiado pelo crédito rural. Em outras regiões, esse volume ultrapassa 50%.

Os investimentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) representam outro exemplo de concentração regional. Em 2006, o banco aplicou apenas R$ 98,2 por habitante, enquanto na região Sudeste o investimento chegou a R$ 417,8 por habitante. “É alarmante a necessidade de investimento para gerar emprego e renda nos estados que registram o menor PIB per capita e o menor Índice de Desenvolvimento Humano”, declarou Borba.

Para a CNA, o desenvolvimento do Nordeste depende de planejamento e coordenação. Entre as propostas da entidade apresentadas aos parlamentares estão educação e capacitação tecnológica; o investimento em defesa sanitária; maior oferta de financiamentos e seguro agrícola, em condições compatíveis com as dificuldades e riscos típicos da região.

Fonte : Agência CNA com Stúdio Rural