Agricultores e agricultoras familiares participaram de um intercâmbio na propriedade da família do agricultor Luiz de Sousa Pereira, residente na comunidade Salgado de Sousa no município de Solânea, Curimataú paraibano. A viagem de intercâmbio aconteceu na última sexta-feira(19) e contou com agricultores e agricultoras experimentadores das cidades de São Vicente do Seridó, Juazeirinho, Pedra Lavrada, Santo André, Pocinhos, Soledade e Olivedos numa promoção do Patac em parceria do Coletivo Regional de Educação do Cariri, Seridó e Curimataú.

Inicialmente os componentes realizaram uma apresentação falando sobre o objetivo da visita aquela propriedade rural, momento em que o agricultor Luiz Sousa, fez uma explanação do trabalho desenvolvido por ele ao longo de mais de 10 anos junto as entidades de agricultores vinculadas ao Pólo Sindical da Borborema e Articulação do Semi-árido Paraibano que, na opinião do agricultor fez grande diferença na qualidade de vida da família composta por sete componentes.

Sousa mostrou diversas partes da propriedade com ações diversas a exemplo de três campos plantados com palma consorciada com culturas nativas e culturas adaptadas com cultura da Leucena e Gliricídia que associadas as culturas locais estão dando condições de restauração dos solos, melhorando a qualidade da palma e diversificando a qualidade nutricional da ração.

O agricultor salientou a todos os presentes que não trata-se de uma ação isolada já que a característica da agricultura familiar está relacionada a diversidade de culturas e cultivos expondo roçados consorciados com culturas destinadas a alimentação da família e elaboração de forragens para os animais que hoje ultrapassam 30 cabeças entre bovinos e ovinos. “Fico a me perguntar como seria nossa vida se não fosse as capacitações compartilhadas pelas entidades de agricultores que ao longo de quase quinze anos nos acompanham e promovem encontros de trocas de experiências.  Enquanto antes os componentes das famílias iam para os grandes centros nós aqui partimos de três hectares e já estamos com 35 hectares que possibilitaram espaço para melhorarmos nossa capacidade de produção”, disse o agricultor que atualmente conta com a criação de 15 bovinos e cerca de 20 ovinos associados aos produtos e experiências diversas na propriedade que proporcionaram qualidade de vida.

Stúdio Rural conversou com o agricultor Edmilson Ferreira Pereira, residente no Sítio Belo Rancho, no município de Soledade. Em entrevista ele falou sobre as experiências mostradas por Sousa e disse serem referências para que as famílias do Cariri e Seridó, participantes do encontro, possam utilizar em suas propriedades já que trata-se de ações que mostram resultados positivos e sustentáveis. “A gente veio ver aqui em Seu Luiz de Sousa, consorciamento de palma, uma coisa muito interessante onde ele consorciou a palma com a gliricídia, com nim, até com o próprio marmeleiro, com o sorgo, quer dizer que ele tem uma diversidade de consórcio muito forte que melhorou o solo, ele tem uma textura de solo como ele falou antes que a água batia e carregava tudo e hoje quando ela(água) vem descendo morro abaixo encontra um básculho, já encontra uma folha, encontra uma retenção já que aquela fica ali parada e vai se infiltrando de vagarzinho e as próprias plantas vão adquirindo e aproveitando aquela AR-SA mso-bidi-language: PT-BR; mso-ansi-language: EN-US; mso-fareast-language: Roman?; New ?Times mso-bidi-font-family: Calibri; mso-fareast-font-family: ?Calibri?,?sans-serif?; FONT-FAMILY: 115%; LINE-HEIGHT: 11pt;>agüinha e vai vivendo”, explica o agricultor.

José Valterlândio Cardoso é representante técnico do Patac, ONG que trabalha junto as famílias de agricultores da região do Cariri, Seridó e Curimataú através do Coletivo Regional de Educação Solidária daquelas microrregiões e disse ser uma propriedade fruto de mais de uma década de capacitações e trocas de experiências onde a família de Luiz Pereira de Sousa vem acompanhando ações compartilhadas, participando de intercâmbios em cidades do Estado e Estados do país e que coloca na prática do dia a dia de suas atividades representando hoje uma das diversas experiências de agricultores que trabalham ações integradas em suas propriedade e que já são referência em atividade camponesa sustentável. “Seu Luiz de Sousa é um dos agricultores que vem há bem mais tempo, então ele tem uma propriedade bem estruturada, então nosso objetivo é de conhecer uma experiência bem consolidada no consorciamento da palma pra que tivesse um impacto para os agricultores que estão vindo pela primeira vez e, desta forma, desmistificar essa coisa de que a palma só pode ser plantada solteira, então que a palma consorciada se desenvolve muito bem, argumenta Valterlândio, lembrando que são experiências novas mas que aos poucos as pessoas vão se conscientizando que no Cariri também é possível produzir a palma de forma consorciada trazendo segurança alimentar ao rebanho e a família. Ele disse que diversas reuniões acontecerão com esses agricultores nas microrregiões acompanhadas pelo Patac buscando fortalecer as práticas integradas como forma de conviver com a região semi-árida paraibana. “Hoje a gente tem a dinâmica do Coletivo Regional que a cada mês essa comissão vem tratando questões voltadas para a criação animal, a estocagem de alimentos com a produção de alimentos de forma diversificada e então a gente vem se reunindo e tirando estratégias e orientações que melhoram a nossa convivência com o semi-árido aqui na região do Coletivo Regional”, complementa.

Já o agricultor Luiz de Sousa ao dialogar com a equipe Stúdio Rural e ouvintes das emissoras parceiras disse ter sido mais um espaço em que ele e a família compartilharam das informações que ao longo do tempo têm sido acumuladas em sua propriedade através do trabalho desenvolvido pelas entidades vinculadas á Asa Paraíba, a exemplo da AS-PTA e Pólo Sindical que têm promovido participação da família em importantes encontros e apoiado iniciativas em sua propriedade rural melhorando a qualidade de vida da família e ao mesmo tempo dado condições para que famílias da Paraíba e de outros Estados tenham acesso aos trabalhos desenvolvidos com sucesso naquela propriedade. “Olha Tavares, a gente teve esse grupo de agricultores vindo de outras regiões do Cariri de Soledade e daquela região toda e a gente tem um trabalho aqui na propriedade onde trabalhamos á 14 a 15 anos organizando um pouco da propriedade e nessa propriedade a gente tem que mostrar para os agricultores aquilo que a gente tem e aquilo que a gente produz. Como os agricultores estão querendo investir no plantio de palma, então a gente tem uma palma aqui consociada com gliricídia, leucena, Pereiro, juazeiro, baraúna numa diversidade de plantas, então essas plantas fazem com que fortaleça muito a palma porque eu considero a palma como a gente tendo um açude dentro da propriedade e junto com essas biodiversidades então é uma alimentação muito boa, de forma que os animais não ficarão se alimentando só de palma porque a palma tem mais de 90% de água e a tendência é a gente colocar todas essas plantas dentro e o que falta na palma todas essas alimentações completam”, explica Sousa.

Fonte: Stúdio Rural / Programa Domingo Rural