Domingo Rural evidencia lançamento do Programa Uma Terra e Duas Águas

A ASA Brasil, Articulação do Semi-árido Brasileiro, lançou na última terça-feira(17) o Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), evento que aconteceu no Sítio Lajedo do Timbaúba, município de Soledade, Cariri paraibano, e que contou com a participação de agricultores e representações de entidades governamentais e não-governamentais de diversos estados do semi-árido brasileiro.

Domingo Rural compareceu ao local, conversou com diversas autoridades envolvidas com as ações em políticas públicas para a agricultura familiar do semi-árido brasileiro com divulgação que aconteceu através da Rádio Serrana de Araruna AM 590 kHz.

O evento constou de visitas de campo às experiências de três agricultores familiares locais que desenvolvem um trabalho com ações integradas que vão desde cisterna de placas, barragens subterrâneas, criações de pequenos animais dentre outras ações que permitem a convivência das famílias de agricultores com a realidade semi-árida.

Domingo Rural entrevistou o agricultor Aldo Costa, residente no Sítio Açude Velho de Soledade; agricultor Inácio Tota, do Sítio Lajedo do Timbaúba e recepcionista do público em sua residência e experiências; prefeito de Soledade, Ivanildo Gouveia; delegado federal do desenvolvimento agrário paraibano, Marenilson Batista da Silva; representante da ASA Brasil e ASA Pernambuco, Aldo Santos; representante da Embrapa Transferência de Tecnologias, Heleno Alves de Freitas; presidente da Fundação Banco do Brasil, Jacques de Oliveira Pena e a representante do Pólo Sindical da Borborema e ASA Paraíba, Roselita Victor que falaram sobre a importância do evento, importância da participação da sociedade na definição das políticas públicas para a agricultura familiar dentre outras ações que envolvem sociedade e governos no planejamento e execução das políticas.

Para o agricultor Aldo Costa, a cidade de Soledade, a exemplo das diversas cidades do Semi-árido, vive um novo momento e experimenta um amplo conjunto de ações práticas que vêm mudando a realidade do município e refletindo na boa qualidade de vida das famílias rurais. “Só em barragens subterrâneas nós temos 35 experiências em pleno funcionamento e outras 06 em processo de desenvolvimento e é aí que a coisa muda, pois veja só, na maneira que um projeto desse chega, se é um programa exclusivo de governos ele não se interessa, se interessa quando o programa é dele, de forma que quando ele é sujeito no processo ele assume e garante”, argumentou o agricultor em contato com os ouvintes da Rádio Serrana.

Já na opinião do prefeito da cidade, Ivanildo Gouveia, a avaliação é extramamente positiva, já que o projeto envolve terra, água e o potencial das famílias de agricultores que fazem parte nas decisões e na construção de políticas sustentáveis para a região. “O trabalho feito pela ASA, pelo PATAC, por esse segmento com o apoio do governo, evidentemente, eles surtiram um efeito extraordinário de mobilização social, construção de política pública de desenvolvimento rural, mostrando ao Brasil inteiro de que é possível conviver neste Cariri, neste semi-árido”, argumentou.

“Eu como consegui, tendo o conhecimento da barragem subterrânea e multiplicar os trabalhos junto com muitos agricultores que hoje já são modelo para outros agricultores que estão hoje trabalhando no mesmo sistema, e eles terem visto a ASA Brasil ter entendido que éramos merecedores nossa comunidade sediar um evento desses, de importância para nossa sobrevivência, vejo hoje com uma alegria muito grande. Tanto eu como minha família, porque meus filhos ficam muito satisfeitos vendo a coisa acontecer”, disse o agricultor Inácio Tota, referindo-se ao evento acontecido em sua casa como forma de reconhecimento de uma trajetória de luta organizada em torno das ações sustentáveis para a região.

Ao conversar com os ouvintes do Programa Domingo Rural, o delegado federal do desenvolvimento agrário, Marenilson Batista, falou sobre a importância da sociedade organizada e sobre o papel do governo federal em apoiar as ações planejadas palas famílias e entidades de agricultores de todo o semi-árido, justificando que o MDA, estará cada vez mais presente nas ações da agricultura familiar do estado da Paraíba. “Enquanto governo federal, enquanto ministério, estaremos juntos construindo toda essa política aqui na Paraíba”, esclareceu, acrescentando que a Paraíba tem o privilégio de ter uma ampla rede social que garante a construção participativa e coletiva.

Aldo Santos, representante da ASA Brasil e ASA Pernambuco, falou sobre a importância da sociedade organizada avançar nas micro e macro-discussões políticas, argumentando que o governo é um governo de disputas e que a agricultura familiar deve avançar na busca de sua parcela nas ações governamentais, falando também sobre a nova forma de se fazer pesquisas e extensão que leve em consideração as experiências dos agricultores. “Acho que essas tecnologias vão de encontro a grandes projetos como o da transposição que coloca em cheque a realidade do semi-árido, coloca em dúvida o processo do semi-árido e vai expulsar muitas famílias do semi-árido, se esta transposição acontecer e não vai atender ao que está colocado pelo governo e, infelizmente o governo não tem escutado a sociedade, tem sido um diálogo monólogo onde só o governo diz como tem que ser e isso é lamentável. É um governo que percebemos ser governo de tensão, governo de coalizão e é um governo de disputas, nós vamos disputar esse governo para dizer que a agricultura familiar quer outra coisa noutra perspectiva”, relatou Santos em contato com os ouvintes 590.

Ao contatar com os ouvintes do Domingo Rural, o gerente de negócios da Embrapa Transferência de Tecnologias, Heleno Alves de Freitas, disse ser importante para a Embrapa, enquanto parceira pública, colocar suas ações e serviços, fazendo com que as tecnologias adaptáveis sejam realmente implantadas na agricultura familiar, gerando emprego e renda para as famílias da região. “A Embrapa, o escritório de negócios de Campina Grande está buscando efetivamente essa condição de forças, participando dos eventos, tornando-se parceira, se colocando à disposição da ASA, do Pólo Sindical, de todas as entidades dessa rede de tecnologias social para que nós possamos dar contribuição fazendo gerar novas tecnologias e fazer adaptar tecnologias geradas por esses agricultores experimentais e poder no conjunto geral de políticas públicas sermos parceiros para contribuir na pesquisa e também na divulgação dessas ações e desses eventos”, argumentou Freitas.

Entrevistado por nossa equipe, o presidente da Fundação Banco do Brasil, Jacques de Oliveira Pena, disse acreditar que a agricultura familiar tem recebido do governo federal através do Banco do Brasil, um grande volume de recursos, em particular no Nordeste nos últimos quatro anos, acreditando que o crédito casado com soluções e tecnologias através de programas estruturados por organizações com a credibilidade da ASA, podem fazer com que o esforço de todos tenha mais resultado, mais credibilidade, complementaridade, que quem sairá ganhando será a agricultura familiar e que se não se investir em ações semelhantes, será necessário investir em presídios nas grandes cidades, dado as condições desumanas em que as pessoas vivem que servem como estímulo a marginalidade, devendo a sociedade e os governos assumirem o papel de encontrar saídas e ações de resgate e dignidade para as pessoas de cada micro-região e de cada estado.

Representando a ASA Paraíba, Domingo Rural ouviu a agricultora Roselita Victor que disse ser um momento muito especial para a agricultura familiar que pouco a pouco colhe os frutos de anos de organização social e política na busca da cidadania e da dignidade das famílias de agricultores e agricultoras de toda a região semi-árida. “Esse é um momento muito importante para a Articulação do Semi-árido paraibano e, especialmente para os agricultores e agricultoras experimentadores que já vêm numa caminhada desde 1993 construindo formas alternativas de convivência com Semi-árido, de produzir alimento. Acho que estamos vivendo um momento importante porque esse lançamento do P1+2, de uma terra e duas águas trás na essência a prática dos agricultores e agricultores no fortalecimento de convivência com o Semi-árido de forma que é muito importante para os movimentos que fazem parte da ASA”, argumenta Victor, falando sobre o novo panorama e realidade vivida pelo povo do Semi-árido.

Fonte : Stúdio Rural / Programa Domingo Rural

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