Representante da ASA questiona semente destinada à agricultura familiar paraibana

Uma semente produzida na região e que seja fruto dos Bancos genéticos da agricultura familiar local é parte dos questionamentos feitos pelas representações das entidades de agricultores do Pólo Sindical da Borborema presentes na reunião do MDA na última quinta-feira(15/01) na Câmara Municipal de Remígio e que contou com a participação de secretários de agricultura dos municípios, representações das prefeituras envolvidas no território contempladas no programa de sementes do governo federal, representações de Sindicatos de Trabalhadores Rurais dentre outras.

Uma das expositoras da importância de se fazer um programa de sementes que leve em consideração a opinião da sociedade agricultora das microrregiões envolvidas foi a diretora do Sindicato dos Trabalhadores Rurais do município de Remígio e componente do Pólo Sindical das Entidades da Borborema, agricultora Roselita Victor(foto), que falou sobre a importância de uma semente apropriada a região semi-árida paraibana a exemplo do que se faz na agricultura familiar agroecológica paraibana que preserva qualidades genéticas que correspondem bem ao clima e solo da região e, ao mesmo tempo criticou o programa governamental que, na opinião da liderança, produz uma semente de milho que não corresponde a realidade das famílias agricultoras da região. “Desde a nossa quarta festa estadual da semente da paixão nós enquanto sociedade civil, com a Articulação, temos buscado formas alternativas de convivência com o Semi-árido onde a gente sempre tem dito que os nossos agricultores e agricultoras na região Nordeste e particularmente estamos falando aqui da Paraíba, tem enfrentado os desafios de conviver com a região seca, de conviver com o semi-árido, e a gente tem visto ao longo desse tempo várias formas de alternativas e, dentro desta discussão, uma delas tem sido a valorização e o resgate das sementes da paixão, então acho que nós enquanto sociedade civil temos o papel de trazer essas experiências e ao mesmo tempo valorizar toda a preocupação que o próprio governo está tendo de ter uma política pública que se agrega junto ao garantia safra para os agricultores do semi-árido, mas eu acho que a gente também precisa fazer uma avaliação pra melhorar um programa como esse”, argumenta a agricultora questionando sobre se essas sementes não poderiam ser produzidas a partir do acumulado de experiências desenvolvidas e executadas pelas famílias de agricultores organizados.

Para a agricultora o governo precisa redirecionar suas ações e práticas levando em consideração a preocupação das famílias em fazer uma agricultura feita sem uso de venenos e produtos que causem impactos ao meio em que se produz e se vive. “Na quarta festa da semente da paixão nós já fizemos um primeiro debate e esse primeiro debate foi muito inspirado na própria experiência do Cariri e aí nós fazíamos uma avaliação sobre essa variedade de sementes, principalmente do Milho Catingueiro porque as pessoas que estão no Cariri e que estão na Borborema e que estão em várias regiões aqui do semi-árido da Paraíba, quando eles pensam uma semente, seja uma semente de milho, seja outro tipo de sementes, eles pensam não só no grão, mas pensam também como alimentar os animais, como alimentar a própria terra pensando na agroecologia, então acho que a partir desses princípios é que nós também estamos querendo pensar políticas públicas e propor políticas públicas e aí é que na quarta festa da semente da paixão a gente fez um amplo debate, neste debate participou a Articulação do Semi-árido Paraibano, participou a Articulação Nacional de Agroecologia, o GT de Biodiversidade da Articulação Nacional, participou o próprio representante do governo federal companheiro Marenilson Batista, então a gente precisa entender como é que esse debate está chegando, o que está sendo feito, e aí eu acho que aqui na Borborema com esse programa é mais um momento pra gente fazer um debate e aperfeiçoar, avaliar essa política e propor melhorias”, esclarece Victor, argumentando que 2009 será ano de muitas discussões nas retomadas de rumo propostas pelas entidades de agricultores familiares organizadas.

Fonte: Stúdio Rural / Programa Domingo Rural

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